TI: sem crise na hora de contratar


Por Francisco Blagevitch, diretor de novos negócios da Asyst Sudamérica. Colaborou Oswaldo Brancaglione, diretor de processos.

Diversos setores da economia vêm sentindo na pele os impactos da crise mundial. Mas mesmo com a indesejável oscilação do dólar e a retração do crédito, o mercado de Tecnologia da Informação (TI), sobretudo as contratações do segmento, não foi atingido pelo furacão da instabilidade e se mantém otimista. Considerado um dos setores mais prósperos da atualidade, que irá movimentar US$ 51,45 bilhões só na América Latina, a TI nacional parece se manter ilesa diante da atual turbulência.

É cada vez mais freqüente grandes empresas anunciarem processos de seleção, que oferecem inúmeras oportunidades para profissionais novatos e experientes. A procura por mão-de-obra, mesmo em tempos de crise, reforça a projeção do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT): estima-se que na próxima década, a área de TI no Brasil deve crescer 10% ao ano, contra 3% no resto do mundo. Só por aqui, a demanda por profissionais na área de TI tende a chegar a 100 mil ao ano, segundo aponta o Ministério do Trabalho e Emprego.

Difícil não questionar esse aquecimento do setor na busca por profissionais capacitados, já que a crise trouxe uma postura de desconfiança para o empresariado nacional, que prefere postergar qualquer iniciativa que envolva investimentos ou projetos a serem iniciados. Tudo foi colocado na fila do stand by, aguardando-se por novos episódios da novela da crise mundial.

Embora a resposta para esse movimento seja altamente complexa, podemos afirmar que mesmo com a turbulência, o mercado continuará a demandar recursos de TI. E para isso é fundamental contar com equipes capacitadas, pois por mais que a tecnologia exerça um papel relevante, o fator humano é imprescindível, especialmente para fornecedores de serviços com ofertas específicas, como é o caso de quem atua na área de service desk (suporte tecnológico).

No cenário corporativo, não restam dúvidas de que a TI ganhou um novo status dentro das organizações, sendo usada como uma aliada estratégica à medida que garante a continuidade do negócio e agrega valor ao modelo de processos das companhias. É por isso que, na contramão do que se espera, a atual crise pode colaborar para impulsionar as profissões no setor de tecnologia.

O diretor do departamento de Ciência da Computação da Universidade Stanford, William Dally, defende que os estudantes devem trocar seus cursos na área de finanças por diplomas de tecnologia. Essa visão ganha ainda mais força diante dos números do Bureau de Estatísticas de Trabalho dos Estados Unidos. De acordo com o órgão governamental, as oportunidades de trabalho em TI estão crescendo: o número de analistas de dados e sistemas de rede deve chegar a 402 mil em 2016, contra os atuais 262 mil. As perspectivas também são promissoras para os engenheiros de software, já que as oportunidades nessa área devem saltar de 507 mil para 733 mil nos próximos oito anos.

Felizmente, percebemos que a crise, definitivamente, não atingiu o mercado de trabalho na área de TI. De forma mais ampla, o governo anunciou que a taxa de desemprego caiu de setembro para outubro, atingindo o menor patamar para esse mês, desde 1998. E ao que tudo indica a turbulência global tampouco trouxe impactos às vagas destinadas ao alto escalão, que também dão sinais de aquecimento.

Apesar de toda a infra-estrutura, tendências e aparatos tecnológicos, fica evidente que o fator humano, especialmente na área de serviços, ainda é o “carro-chefe” para as organizações, que cada vez mais demandam profissionais capacitados, motivados e dispostos a se tornarem diferenciais estratégicos. Melhor para quem está em busca de uma nova oportunidade: melhor escolher, do que ser escolhido.


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