Greenpeace lança campanha: É agora ou agora

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O Greenpeace anunciou durante coletiva de imprensa a bordo do navio Arctic Sunrise, em Manaus, o início da expedição “Salvar o planeta. É agora ou agora”. O tour faz parte do esforço global da organização para alertar a população brasileira para os problemas causados pelo aquecimento global e pressionar os governos a tomarem medidas urgentes contra os impactos das mudanças climáticas.

Para o Greenpeace, temos cada vez menos tempo ou escolha para combater as mudanças climáticas. “A ciência é clara: em 2015,devemos ter estabilizado as emissões globais de CO2. Até 2050, devemos ter construído uma economia de carbono zero. Para enfrentar esse desafio, é preciso um esforço global que compartilhe responsabilidades entre cidadãos, governos, iniciativa privada e sociedade civil organizada”, disse Rebeca Lerer, coordenadora da expedição do Greenpeace.

Já foi comprovado cientificamente que a atividade humana atual é a causa de um violento e inédito aquecimento global. O consumo desenfreado dos recursos naturais não pára de crescer. Na prática, todos os setores da economia – energia, transporte, indústria, desenvolvimento urbano, agricultura industrial (incluindo produção para ração animal, fibra e produção de agrocombustíveis), pesca – tem contribuído para acelerar o problema. “Enquanto seguimos vivendo, produzindo e consumindo, a temperatura média global está aumentando. O apetite dos seres humanos pelos recursos naturais continua crescendo enquanto o tamanho do planeta é o mesmo”, disse Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia, do Greenpeace.

Dados apresentados pela ONU em novembro de 2008 mostram que a concentração de CO2 – o principal gás de efeito estufa – na atmosfera aumentou 0,5% entre 2006 e 2007. No primeiro semestre de 2007, 117 milhões de pessoas foram vítimas de mais de 300 desastres naturais. O impacto das mudanças climáticas em países pobres pode ser de 20 a 30 vezes maior do que em países desenvolvidos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi registrado um aumento na incidência de eventos climáticos extremos, com temperaturas elevadas e enchentes no território brasileiro entre 1970 e 2008, causando a morte de mais de seis mil pessoas e prejuízos da ordem de US$ 10 bilhões.

No final de novembro de 2008, poucos dias após ter abrigado um seminário sobre energias renováveis, o estado de Santa Catarina foi assolado por chuvas torrenciais intensas, que provocaram a morte de mais de 130 pessoas e milhões em prejuízos materiais. Várias cidades decretaram estado de emergência e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Menos de vinte dias depois, os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo voltaram a sofrer com as enchentes que assolaram a região sudeste do país.

“Não há mais tempo a perder. As mudanças climáticas estão acontecendo a um ritmo muito mais acelerado do que o pior cenário previsto pela ciência e seus impactos já representam o maior desafio enfrentado pela humanidade”, disse Adario. “Crescimento econômico baseado no uso intensivo de carbono não significa melhoria de qualidade de vida ou segurança global. Pelo contrário: a disputa por recursos cada vez mais escassos ameaça colocar nações contra nações, disseminando guerra e instabilidade global”.

O Brasil exerce posição importante no combate às mudanças climáticas, já que figura entre as 10 maiores economias do mundo e é o quarto maior poluidor do mundo. Os desmatamentos e o mau uso do solo, principalmente na Amazônia, são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. A destruição da floresta amazônica libera todos os anos mais de 800 milhões de toneladas de gás carbônico.

Para fazer sua parte, o país deve se comprometer com metas setoriais de redução de gases do efeito estufa, zerando o desmatamento da Amazônia até 2015, promovendo as energias renováveis e eficiência energética e implementando uma rede de áreas marinhas para proteger os oceanos.

Expedição verde

O navio do Greenpeace passará por sete cidades: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. Durante os finais de semana, estará aberto para visitação pública. Os visitantes serão informados, de uma forma divertida e interativa, sobre os problemas causados pelas mudanças climáticas. A entrada é gratuita.

Confira a agenda do Arctic Sunrise no Brasil:

Manaus - 7 a 11 de janeiro
Belém - 24 de janeiro a 1 de fevereiro
Fortaleza - 6 a 10 de fevereiro
Recife - 13 a 20 de fevereiro
Salvador - 5 a 11 de março
Rio de Janeiro - 15 a 25 de março
Santos - 27 a 29 de março