Pacote chinês vai ampliar demanda por ferro e aço

Fonte: Portos e Navios - 11/11/08

A demanda por aço, ferro e cimento deverá crescer na China por causa do boom de investimentos em infra-estrutura previstos no pacote de estímulo de US$ 586 bilhões anunciado domingo por Pequim, o que levou as ações de empresas desses setores a fortes altas nos mercados da Ásia ontem. As cotações de metais e do petróleo também subiram diante da expectativa de que a aceleração do crescimento chinês terá impacto positivo sobre a economia mundial.

Os US$ 586 bilhões deverão ser investidos nos próximos dois anos na construção de ferrovias, aeroportos, casas populares, estradas, redes de energia, sistemas de tratamento e distribuição de água, escolas e hospitais. Também haverá investimentos em inovação tecnológica, meio ambiente e programas de auxílio à população pobre. A carga tributária das empresas vai cair US$ 17,6 bilhões ao ano, graças à reforma do Imposto sobre Valor Agregado que será implantada em 2009.

Analistas de mercado esperavam que o pacote fosse anunciado no início de dezembro, quando a cúpula do Partido Comunista se reúne para discutir a situação econômica do país. Mas a forte desaceleração da produção nas últimas semanas e o aumento do pessimismo quanto à capacidade do governo em conter a crise levaram à antecipação das medidas.

Na quarta-feira, o ministro das Finanças da China, Xie Xuren, viajou ao Peru para uma reunião de países da Ásia-Pacífico, mas não chegou a participar do encontro. Poucas horas depois de aterrissar, foi chamado de volta a Pequim para concluir o pacote. A economia cresceu 9% no terceiro trimestre de 2008, o menor ritmo de expansão em cinco anos. Desde o início do ano, cerca de 70 mil empresas fecharam as portas.

Além da desaceleração nas exportações, as fábricas tiveram queda na rentabilidade por causa da valorização do yuan, do aumento dos custos trabalhistas e da alta dos juros. Em 2007, o PIB chinês deu um salto de 12% e respondeu por 27% do crescimento mundial, segundo cálculo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com a desaceleração dos Estados Unidos e da Europa, a China terá um papel crucial na contenção dos danos da recessão global em 2009.

O pacote chinês equivale a 87% dos US$ 700 bilhões aprovados pelo Congresso americano para resgatar o sistema financeiro do país. Porém, não está claro se todos os recursos representam gastos adicionais ou se incluem investimentos que já estavam previstos no orçamento dos próximos dois anos.

Apesar do tamanho, analistas do governo e do setor privado avaliam que o estímulo não será suficiente para sustentar um forte ritmo de crescimento de maneira isolada e ressaltam que será fundamental a expansão do volume de crédito.

O anúncio do pacote chinês provocou alta de 5,81% na Bolsa de Tóquio ontem. Na China, a Bolsa de Xangai subiu 7,3%, liderada pelos setores siderúrgico, imobiliário e financeiro. A mineradora BHP Billiton, fornecedora de minério de ferro para a China, teve valorização de 7%, enquanto sua concorrente Rio Tinto subiu 7,93%. Na Bolsa da Austrália, a alta foi de 1,4%, graças ao setor de commodities.

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