Fabricantes de jatos prevêem duplicação do mercado

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Em dez anos, a frota da aviação executiva mundial vai dobrar de tamanho. Previsões da Embraer , quarta maior fabricante de jatos do mundo, indicam que até lá serão entregues 13,15 mil aeronaves por todos os fabricantes, número que se iguala à frota atual, de 13 mil em todo o planeta.

A participação da América Latina, que detém hoje 7% das aeronaves desse segmento em circulação, vai aumentar, segundo prevê o vice-presidente da Embraer para o mercado de aviação executiva, Luis Carlos Affonso. O volume de negócios dessa área no mercado latino-americano deverá passar dos US$ 7 bilhões em dez anos.

A demanda nesse setor aumenta por uma soma de fatores. Um dos mais fortes é a desvalorização da moeda americana. "Levando em conta a queda do dólar é possível dizer que hoje se compra um jato executivo em reais pela metade do preço de cinco anos atrás. O mesmo acontece em outras economias com moedas atreladas ao dólar, incluindo os demais países da América Latina e alguns da Ásia", destaca Affonso.

Outra razão do aquecimento verificado nesse segmento é o enriquecimento individual dos clientes. Por isso, o Oriente Médio tem sido um dos mercados onde a demanda por jatos desse modelo mais cresce. Pesa, também, argumentam os executivos do setor, o incremento de atividades como construção e mineração, que exigem deslocamento rápido e preciso dos que comandam as grandes companhias. Mas hoje, o crescimento da venda de aeronaves executivas avança também como reflexo dos transtornos que a falta de infra-estrutura aeroportuária provoca na aviação comercial.

Nos Estados Unidos, um dos mercados mais importantes da aviação mundial, o aumento dos custos com a alta do petróleo já levou as companhias aéreas a reduzir a oferta de rotas. A aviação empresarial quer tirar proveito da possível migração das classes de maior poder aquisitivo para a aviação executiva. Para isso, conta com o esgotamento da paciência dos executivos que perdem compromissos importantes em razão de cancelamento de vôos. "Quem pode escapar do desconforto compra a própria aeronave", afirma o presidente da Embraer Frederico Curado.

O diretor comercial da Premier, uma empresa de taxi aéreo, que também compra, vende e gerencia aeronaves executivas, David Worcman, diz que vale a pena ter avião particular se a aeronave voar pelo menos 15 horas por mês.

Os preços das aeronaves executivas variam de US$ 3 milhões a US$ 60 milhões. Algumas empresas argumentam que o custo de manter um avião não compensa a compra. Por isso, já se fala no mercado na possibilidade de o Brasil adotar o chamado "fractional ownership", um modelo existente nos Estados Unidos que permite a compra de frações do avião ao invés da aeronave inteira. O sistema permite que o usuário pague um valor compatível ao uso.

A Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) estima que a frota de aviões executivos no país vai crescer, em média, 10% por ano. Isso elevará a frota atual - incluindo helicópteros - dos atuais 1.650 para quase 2 mil unidades daqui a dois anos.

As dimensões do território brasileiro, com o crescimento de novos pólos econômicos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, também colaboram para a expansão desse segmento. A aviação comercial atende 140 dos 5,5 mil municípios brasileiros. Os executivos do setor estimam que pelo menos em mais de 2 mil cidades há algum tipo de pista de pouso. "Toda cidadezinha tem, de certa forma, algum tipo de pista de pouso", afirma Rui Thomas de Aquino, presidente da Abag.

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