Votorantim Metais assume 52,9% das ações da AcerBrag


Menos de seis meses depois de entrar no capital da siderúrgica argentina Aceros de Bragado (AcerBrag), a Votorantim Metais acaba de assumir o controle da empresa, elevando sua participação acionária de 27% para 52,9%. O acordo, que envolveu uma operação de aumento de capital, cujo valor não foi revelado, foi assinado ontem (12) no início da noite.

A AcerBrag, criada e controlada até recentemente pela família Lupier, é a terceira maior produtora de aços longos da Argentina, com 14% da oferta local de aços longos, atrás da Acindar (subsidiária do grupo ArcelorMittal) e Sipar (grupo Gerdau). A empresa dispõe de capacidade para fabricar 250 mil toneladas de aço por ano, transformados em vergalhões, barras, arames, telas e fio-máquina. Está situada em Bragados, a 210 km de Buenos Aires e conta com 535 funcionários.

Neste ano, a siderúrgica tem previsão de faturar US$ 160 milhões, quase 20% superior ao valor obtido em 2007, informou João Bosco Silva ao Valor, diretor- superintendente da VM, por telefone, de Buenos Aires. "Vários fatores nos estimulou a assumir o controle da AcerBrag. É uma empresa moderna, com potencial para ser duplicada com baixo investimento e que faz sentido estratégico com nossas operações no Brasil e Colômbia", afirmou.

O valor das duas operações não foi revelado pela Votorantim, segundo informou devido a acordo de confidencialidade firmado com os sócios, parte da família Lupier que continuou no negócio de aço.

Inicialmente, explicou Bosco, a Votorantim entrou na siderúrgica participando da gestão, conhecendo melhor a empresa e avaliando o potencial do mercado. "A demanda de aços longos no país tem crescido ao ritmo de 5% nos últimos dez anos e as perspectivas para o futuro é de 7% ao ano".

Um fator que preocupa é a oferta de energia na Argentina, que enfrenta escassez principalmente no inverno. "Estamos estudando alternativas de diversificação das fontes de suprimento e o governo tem vários projetos para ampliar a oferta no país", disse.

Conforme Bosco, o mercado argentino de aços longos movimenta em torno de 1,5 milhão de toneladas por ano. Cerca de 10% é abastecido com aço importado. Porém, as siderúrgicas locais exportam parte da produção, de 1,8 milhão de toneladas em 2007.

A AcerBrag foi fundada no início dos anos 70 e comprada pelo grupo Lupier S.A., que atua também em petroquímica e outros setores, em 1997. O grupo fez um plano de investimento de US$ 80 milhões em modernização da usina, mas não teve fôlego para se sustentar devido à crise do país em 2001. Com isso, deixou uma siderúrgica com novos equipamentos, como aciaria e laminador, o que permitirá a duplicação com baixos investimentos. "É bem menos de R$ 100 milhões", observou Bosco.

Com a AcerBrag mais a aquisição da Acerias Paz del Río, na Colômbia, no ano passado, e a instalação de uma nova usina no Brasil, em Resende (RJ), a Votorantim Metais dá um salto expressivo no negócio de aço. Passa de 470 mil toneladas fabricadas em 2005 para 2,5 milhões de toneladas ao final de 2009. "Com isso, começamos a aparecer no mapa da indústria do aço", disse o executivo.

A usina da Barra Mansa (RJ), erguida há várias décadas pelo grupo, ampliou sua capacidade neste ano para 750 mil toneladas. A nova siderúrgica, em Resende, entra em operação em meados de 2009, com apta a produzir 1,05 milhão de toneladas. A unidade colombiana vai fabricar este ano 450 mil toneladas (das quais 110 mil de aço plano). "Temos oportunidades de chegar a 3 milhões de toneladas com investimentos adicionais nas usinas da Argentina e da Colômbia", disse Bosco.

A divisão de negócios metais - alumínio, zinco, níquel e aço - do grupo Votorantim obteve faturamento de US$ 5,3 bilhões no ano passado, empurrado pelo preços da commodities. Tem unidades em operação no Brasil, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Peru e China e emprega 20 mil pessoas.