A demanda aquecida por commodities metálicas estimula a exploração mineral na Bahia. O crescimento de 6,1% em 2007 da até então estagnada indústria extrativa mineral sinaliza a retomada da atividade no estado. Até 2011, a expectativa é de um ritmo mais acelerado de expansão, o que deverá elevar o estado da quinta para a terceira posição no ranking de produção mineral do País, atrás apenas de Minas Gerais e Pará. Hoje São Paulo e Goiás, estão na terceira e quarta posições.
No estado, atualmente são exploradas mais de 30 minerais extraídos por cerca de 350 empresas de mineração distribuídas por mais de uma centena de municípios. O valor da produção mineral é de R$ 1,644 bilhão, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (Sei), 1,7% do PIB estadual de R$ 109,7 bilhões. A receita atual deve dobrar.
Só dois projetos em fase de implantação, a exploração de níquel pela Mirabela Mineração do Brasil e a de vanádio pela Vanádio de Maracás, vão agregar cerca de R$ 800 milhões às receitas do setor até 2010. Isso sem falar da Bahia Mineração (BML), que planeja investir US$ 1,5 bilhão para a produção de 25 milhões de toneladas de ferro por ano, em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador.
Maior empreendimento mineral em implantação, o projeto Santa Rita, desenvolvido pela Mirabela, subsidiária da australiana Mirabela Nickel, conta com investimentos de R$ 700 milhões para extração de níquel sulfetado em Itagibá, a 353 quilômetros de Salvador. A previsão é que a produção inicial de 150 mil toneladas de concentrado de níquel com teor de 13% seja iniciada no segundo trimestre de 2009.
O complexo mineroindustrial deve alcançar receita anual de R$ 580 milhões em 2011.O contrato de arrendamento para exploração e beneficiamento do níquel, firmado com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral ( CBPM), é de 20 anos. De acordo com o gerente geral da mineradora, Paulo Oliva, a reserva está hoje calculada em 84 milhões de toneladas, com 0,61% de níquel e 0,14% de cobre.
É a primeira iniciativa da australiana Mirabela Nickel no Brasil. Além da unidade em implantação, o grupo realiza pesquisas em outra área na Bahia e Sergipe. "Nosso foco é níquel", afirma Oliva. A produção, disse, deverá ser destinada metade para o mercado externo e a outra para o interno. Já existem contratos com compradores da Finlândia, China e Canadá. E, no Brasil, com o Grupo Votorantim.
Controlada pelo grupo canadense Largo Mineração, a Vanádio está investindo R$ 216 milhões na instalação de mina e unidade de beneficiamento e metalurgia para produzir ferro-vanádio em Maracás, a 400 quilômetros de Salvador. As reservas são estimadas em 17,3 milhões de toneladas, com teor médio de 1,44% de vanádio. O depósito baiano é a única mina do minério no Brasil. A expectativa é de um faturamento anual de R$ 200 milhões, quando o complexo estiver em plena produção em 2011.
O projeto da BML, por sua vez, prevê a instalação, até o ano de 2010, de um complexo de mineração composto de mina, unidade de concentração de minério, mineroduto e adutora de abastecimento de água, utilizada para o escorrimento do minério concentrado nos dutos.
A Votorantim Metais (VMetais) é outra empresa que aposta no potencial mineral da Bahia. Dos nove editais de licitação lançados em 2007 pela CBPM, venceu os três nos quais participou e já inicia projeto de pesquisa complementar para a exploração de zinco em duas localidades, Mundo Novo e Irecê, e níquel, em Pedras Altas.
Para as três regiões, a VMetais, segundo acordo com a CBPM, pretende investir, em 24 meses, R$ 10 milhões em pesquisa e prospecção, sendo que R$ 2 milhões em Irecê, R$ 6 milhões em Mundo Novo, e R$ 2 milhões em Pedras Altas. "Esse volume de investimentos deve crescer", disse o diretor de exploração mineral, Jones Belther. Segundo ele, a única jazida com volume de minério estimado até agora é a de Irecê, com 4 milhões de toneladas e teor de 8% de zinco.
A se confirmar a viabilidade econômica das reservas, a estimativa é de um custo entre US$ 100 milhões e US$ 120 milhões para a implantação de cada uma das unidades de zinco. Já, para o níquel, o investimento será da ordem de US$ 200 milhões, segundo Belther.
A VMetais também desenvolve outros dois projetos de pesquisa mineral na Bahia, um de zinco e outro de níquel, com autorizações requeridas ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). No total, dos cinco projetos desenvolvidos no estado, a VMetais está investindo R$ 24 milhões dos R$ 107 milhões de recursos empregados em pesquisa mineral no País.
O Grupo Gerdau, por sua vez, já manifestou interesse em explorar minério de ferro no sertão baiano. Requereu ao DNPM da Bahia autorização para pesquisar uma jazida do mineral na região de Jussiape, a 760 km de Salvador. A previsão é de um investimento de US$ 20 milhões em pesquisas, embora a companhia não dê detalhes sobre o empreendimento.
Avalia-se a viabilidade econômica de instalar um empreendimento de mineração no local. A iniciativa, no entanto, faz parte de um plano estratégico da Gerdau. A empresa compra hoje 70% do minério que consome e pretende até 2010 inverter essa conta, buscando extrair de reservas próprias 80% de seu consumo de ferro, da ordem de 9,4 milhões de toneladas por ano.
A CBPM investe anualmente R$ 12 milhões em pesquisas. "Com essa nova e crescente demanda, esse valor vai aumentar consideravelmente, pois acreditamos que a demanda mundial por minérios vai perdurar por longo tempo", diz o presidente da companhia, Nilton Silva Filho. Ele afirma que a Bahia é um dos estados mais bem estudados e conhecidos geologicamente do País, com 38,5% do seu território coberto por meio de levantamentos aerogeofísicos. "No mês que vem outros 12.964 km serão cobertos." Segundo ele, os levantamentos aerogeofísicos representam diminuição de riscos para o investidor.
