Com R$ 1 bilhão, Fiat Powertrain dobra a produção no Mercosul


A FPT - Powertrain Technologies, empresa mundial do grupo Fiat para o desenvolvimento e produção de sistemas de propulsão (motores e transmissões), investe mais de R$ 1 bilhão, em dois anos, para quase dobrar a produção nas quatro fábricas da América do Sul. "A meta é elevar a produção, nas quatro unidades, de 750 mil motores em 2007 para 1 milhão em 2008 e 1,3 milhão de unidades em 2010", informa Mario Casale, diretor de vendas e marketing da FPT para América Latina.

A FPT foi criada em 2005, reunindo a experiência em motores e transmissões de empresas e centros de pesquisas do Grupo Fiat. "A unidade América Latina da FPT foi aberta em agosto de 2007. Ou seja, estamos vindo ao mercado agora, não só aqui, mas na Europa, Estados Unidos e Ásia", afirma Casale.

"O objetivo da FPT é ter status de um produtor independente de motores e transmissão, para todos os tipos de uso", informa Casale. A FPT já fornece motores e transmissões para empresas do Grupo Fiat, como Fiat Automóveis, Lancia, Alfa Romeo, Case IH e New Holland (máquinas agrícolas) e Iveco (caminhões). E também fornece, no mercado não-cativo, para Ford, GM, PSA Peugeot Citroën, Suzuki e Mitsubihi. Além disso, tem joint ventures com a Tata, na Índia, Saic, na China, e Serverstal, na Rússia.

Segundo Casale, a unidade de Betim (MG) receberá R$ 400 milhões para aumentar a capacidade de produção dos motores Fire 1.0, 1.3 e 1.4 litro e transmissões, atualmente de mais de 1,2 milhão de unidades anuais. A fábrica de Sete Lagoas (MG), que produz motores diesel, aumentará a produção dos atuais 50 mil para 120 mil unidades em 2012, a partir de investimentos de R$ 60 milhões.

A unidade Tritec Motors, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba (PR), recém-adquirida da Chrysler, absorverá R$ 250 milhões e será responsável pela fabricação de motores de 1.6 litro "e evoluções ainda a serem definidas", diz Casale. Fará, a partir de 2009, motores 1.8 para substituir os de igual cilindrada atualmente fornecidos pela General Motors. É que o acordo de troca de motores entre as montadoras italiana e norte-americana terminará naquele ano, diz Casale.

A unidade argentina de Córdoba, por sua vez, receberá o equivalente a US$ 200 milhões. A fábrica prepara-se para produzir transmissões para a PSA Peugeot Citroën e para aumentar a capacidade de produção de motores Torque 1.6 litro 16 V, 1.7 litro diesel e o novo 1.9 litro 16 V.

A FPT também aplica, no Centro de Engenharia Especializado em Combustíveis Alternativos, em Betim, € 10 milhões em projeto de pesquisa de um motor a diesel que funcionaria com a mistura diesel e álcool. "Trata-se de um motor pesado, de 9 litros, destinado a usinas de açúcar e álcool e a outros produtores rurais", disse Casale. Pelo projeto do motor, a mistura dos dois combustíveis ocorreria diretamente na câmara de combustão, o que exigiria tanques e sistemas de injeção diferentes para o álcool e o diesel. "É preciso ter muito segurança para lançar um motor como este. A demanda é restrita e volátil", ressalva Casale.

16 fábricas em 7 países

Com 16 fábricas e dez centros de pesquisas em sete países, a FPT produziu no ano passado 3,1 milhões de motores e 2,5 milhões de transmissões, registrando faturamento de € 7,1 bilhões, sendo 5,5% deste montante destinado a pesquisa e desenvolvimento.
Na América Latina, são três fábricas no Brasil e uma na Argentina, que produziram 750 mil motores e igual número em transmissões, com faturamento de R$ 2,7 bilhões.

Para aplicações veiculares, industriais, marítimas e de geração de energia, a FPT produz motores de 20 a 1.020 cavalos de potência, com configurações de 1.0 a 20.1 litros, além de transmissões com torque de 145 até 950 Nm.

Os investimentos da FPT na América Latina se justificam. O mercado local de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus nunca esteve tão aquecido.

E a produção nacional de máquinas agrícolas em 2007 passou das 65 mil unidades e deve crescer 20% neste ano, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No segmento de máquinas de construção, as vendas devem passar de 15 mil unidades neste ano, em comparação com 11,8 mil unidades em 2007.