Projeto visa a produção de bloco de concreto impermeável


A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está aprimorando um material cada vez mais usado na construção popular: o bloco de concreto. A meta é chegar a um bloco impermeável, que dispense revestimento externo e pintura. O desafio é desenvolver um componente com estas características e ainda de baixo custo, para alvenaria estrutural em construções de interesse social de até quatro pavimentos.
 
Aumentar a velocidade de execução das obras e permitir maior durabilidade e melhor aparência das moradias também são objetivos dos estudos. O bloco de concreto é o material construtivo de grandes projetos direcionados à habitação de interesse social, como o Projeto Singapura, em São Paulo, e o Bom Abrigo, em Santa Catarina. A universidade trabalha em parceria com a empresa Toniolo Pré-Moldados.

O desenvolvimento dos blocos impermeáveis tem apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio do Programa de Tecnologia de Habitação (Programa Habitare). O projeto envolve professor e estudantes do Grupo de Tecnologia em Materiais e Componentes à Base de Cimento Portland (GTec), ligado ao Departamento de Engenharia Civil da UFSC.
 
Estudo de blocos e argamassas

A equipe pesquisou e experimentou diversos aditivos e impermeabilizantes. Nos testes, blocos produzidos em escala laboratorial ficaram até três horas submersos em água sem que sua estrutura fosse atingida. Em geral, um bloco comum, de concreto ou alvenaria, sem revestimento, fica encharcado em poucos minutos ao ser submerso.

O estudo de aditivos foi realizado com blocos e argamassas. "Não adianta fazer só o bloco impermeável, é preciso que o conjunto garanta a impermeabilidade", explica o professor Luiz Roberto Prudêncio Jr., coordenador da pesquisa. "Um dos objetivos é ganhar tempo na construção, pois o trabalho de fachada está entre os mais demorados", complementa. A equipe estima um encarecimento de 5% dos blocos impermeáveis em relação aos convencionais e destaca a necessidade de mão-de-obra qualificada para o assentamento.

"É claro que, quando você vai ter o revestimento depois, e com ele pode cobrir falhas, o assentamento não exige tanto cuidado como nesse caso em que a parede já fica pronta", avalia o professor. Ele considera que a indústria da construção é conservadora, mas vê boas perspectivas para o bloco impermeável - que no Brasil é uma novidade, mas já vem sendo usado em outros países.

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