Pessoas físicas vão ganhar crédito de carbono

Figura: Tokoro Yukiyoshi

Um dos bancos mais atuantes em questões ambientais, o Real, lançou um fundo que vai permitir aos investidores pessoa física participar de um mercado que estava praticamente restrito a empresas e instituições, o mercado de créditos de carbono, que busca reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento global. I banco vai restaurar a mata ciliar da Bacia do Rio Juquiá, ação que, além dos benefícios ao meio ambiente, já está gerando renda para a comunidade de São Domingos, localizada no município de Registro, localizado numa das regiões mais carentes do interior de São Paulo.

São 250 hectares, que devem receber inicialmente 126 mil árvores de espécies nativas, incluindo palmito, que não será extraído, mas terá o aproveitamento dos frutos, gerando mais rede para os habitantes. O consultor socioambiental do Banco Real Victor Hugo Kamphorst informa que a área será capaz de gerar inicialmente o equivalente a cerca de 60 mil créditos de carbono. Cada crédito corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente que deixa de ser lançada na atmosfera, contribuindo para reduzir o efeito-estufa.

Do total, 49740 toneladas de CO2 devem ser destinadas à neutralização das emissões do próprio banco e 10 mil toneladas vinculadas ao Fundo Floresta Real, um investimentos de renda fixa pelo qual o cliente receberá, além dos rendimentos normais, o crédito de carbono em dinheiro. O novo fundo possui taxa de administração de 1% a.a. e taxa de saída decrescente até zerar em três anos. O valor mínimo para aplicação é de R$ 25 mil e as movimentações adicionais são de R$ 1 mil. Cada R$ 25 mil mantidos por três anos dá ao investidor o crédito de carbono.

Nos dois casos, o projeto de neutralização do banco e o fundo, os créditos provêem do Programa Floresta Real, feito de acordo com o mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), dispositivo criado pelo Protocolo de Kyoto para auxiliar na compensação/redução de emissões de gases-estufa. Ou seja, obedece às rigorosas normas de projeto, execução, acompanhamento e fiscalização exigidos por Kyoto.

A iniciativa, que já garante renda extra aos habitantes locais, por meio de venda das primeiras 28 mil mudas que vão recuperar as matas ciliares, vai ser transformada em reserva permanente de proteção e tem um contrato inicial com garantia de 20 anos de monitoramento.

Dependendo do resultado desse primeiro fundo de R$ 250 milhões, outros devem ser lançados, informa Kamphorst. Um crédito de carbono está cotado hoje em cerca de 16 euros por tonelada, pouco mais de R$ 40.