Estrutura do interior paulista atrai a nova fábrica da Toyota


As cidades de Santa Bárbara d'Oeste e Sorocaba, no interior de São Paulo, deverão abrigar a futura fábrica da Toyota, montadora japonesa que busca ampliar sua participação no Mercosul com o lançamento de um carro monovolume de entrada.

A empresa já começou a consultar os fornecedores para a produção de componentes que irão equipar o novo automóvel - que deverá ser o compacto Yaris, carro com o perfil mais indicado para a maioria dos consumidores da América do Sul. Com algumas empresas de autopeças, a montadora tem realizado as reuniões inclusive na matriz no Japão.

Como em toda operação que envolve grande investimento industrial, a Toyota não confirma. Mas fontes do mercado dão como certo que Sorocaba abrigará a montagem de automóveis e Santa Bárbara d'Oeste ficaria com a produção de motores.

"Sempre falei que a nova fábrica seria em São Paulo por questões estratégicas. Além da estrutura industrial, a montadora ainda tem no estado a maioria do seu parque de fornecedores", disse uma fonte.

Por que Sorocaba e Santa Bárbara d'Oeste? Servida por boas estradas e perto dos grandes centro consumidores e do porto de Santos, a região seria a melhor forma de escoar a produção entre o Brasil e o Mercosul, além de se constituir em pólo metal mecânico.

A Toyota tem sua principal fábrica, em Indaiatuba (SP), situada geograficamente entre a duas cidades, distante menos de 50 quilômetros de Sorocaba. e Santa Bárbara. Além disso, já tem vários fornecedores na região do interior paulista.

"A Toyota não disputa centavos ou fica perdendo tempo com questões tributárias. A sua estratégia é de longo prazo, centrada no potencial futuro do mercado", afirmou outra fonte, que também aposta na instalação de mais uma fábrica da Toyota em São Paulo.

No Mercosul, a Toyata - que completou 50 anos em janeiro no Brasil - produz o sedã Corolla e a perua Fielder, em Indaiatuba, e a picape Hilux e a SW4, em Zárate (Argentina).

Atualmente, a sua oferta de produtos é muito pequena na região para competir com as líderes de mercado. A montadora japonesa priorizou nos últimos anos o mercado norte-americano, onde briga pela lideram com a General Motors.

Vários estados entraram na disputa pela fábrica da Toyota. Cogitou-se a possibilidade de se construir uma fábrica no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Rio de Janeiro. Um parque industrial quase unificado poderia ter pesado na decisão a favor de São Paulo, que já tem uma mão-de-obra treinada pelos exigentes padrões de produção japonês.

Participação no mercado

Hoje, no mercado brasileiro a Toyota tem 3,1% de participação, ao fechar 2007 com a venda de 72 mil veículos entre automóveis e comerciais leves. As vendas subiram 3,4% em relação a 2006, mas a participação da marca caiu, já que naquele ano a empresa teve 3,8% do mercado.

A montadora já anunciou que tem planos ambiciosos para o Brasil. Ela quer estar entre as quatro principais montadoras - posições hoje ocupadas por Fiat, Volkswagen, GM e Ford, nesta ordem. O crescimento no Brasil é importante para a Toyota dominar o mercado - ela quer 15% das vendas mundiais em 2012 - já que o país está entre os oito mercados mais importantes.

No ranking de emplacamentos a montadora japonesa ocupa hoje a oitava posição no mercado brasileiro, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A Toyota tem pesada tarefa pela frente no Brasil. Para sair da 8ª colocação e estar entre as quatro primeiras vai ter que investir muito. Cada ponto percentual equivaleu no ano passado a R$ 750 milhões, considerando o valor médio de R$ 30 mil por carro. Em quarto, lugar a Ford fechou no ano passado com 10,55%. Só para chegar ao tamanho da Ford a Toyota terá de faturar mais cerca de R$ 5 bilhões.