Para empresas, questão climática cria oportunidades

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O debate sobre alteração climática tem levado empresas e consultorias a incorporarem novas condutas. Palavras como sustentabilidade entraram de vez no vocabulário de todos os setores. Mas por trás dessa estratégia há mais do que boa vontade ecológica. As empresas descobriram no discurso ambiental oportunidades de negócios, além da valorização da marca.

Um exemplo é o crédito de carbono. O Brasil já é o terceiro maior vendedor mundial, atrás de China e Índia. Só o Estado de São Paulo concentra 24% dos 168 projetos aprovados neste ano pela Comissão Interministerial do Clima da ONU e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Se esses projetos derem origem a 270 milhões de créditos, cada um negociado a 17 (valor médio), o mercado movimentará 4 bilhões em 10 anos.

Além da venda direta ao comprador, foi criado o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - uma parceria entre a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), a FGV e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O resultado foi o primeiro leilão de crédito de carbono do mundo. O banco belgo-holandês Fortis pagou à Prefeitura R$ 34 milhões pelas emissões evitadas no Aterro Sanitário Bandeirantes, em Perus.

"O leilão demonstrou a importância desse mercado, já que cada crédito foi vendido por 16,70, acima da cotação inicial de 12,70", diz o diretor do Departamento de Competitividade do ministério, Marcos Otávio Bezerra Prates. "É preciso ainda fazer regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários quanto à definição do tipo de ativo do crédito de carbono. Isso aumentará a remuneração."

Segundo o diretor do Conselho de Meio Ambiente da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis, a sustentabilidade aumenta a competitividade da empresa e facilita sua inserção no mercado. No mundo corporativo, o termo pode ser traduzido como preocupação com o futuro do negócio. Isso inclui cuidar dos recursos humanos e ambientais de que a empresa precisa para garantir sua sobrevivência. Por isso, é compreensível que bancos concedam às empresas sustentáveis empréstimos maiores, a juros menores e prazos maiores.

Elas saem na frente no mercado financeiro. A Bovespa mantém, desde 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial. Fazem parte da carteira 2007/2008 só 32 empresas. O primeiro passo para ingressar nesse clube é estar entre as 150 ações mais negociadas. O segundo é um questionário que avalia, entre outras boas práticas, o respeito ambiental. As escolhidas se tornam mais atraentes aos investidores. Basta olhar seu valor de mercado: somam R$ 927 bilhões.

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