Gerdau decide concorrer no mercado de chapas grossas

O Grupo Gerdau entrará no segmento de chapas grossas, área que tem crescido bastante no país devido principalmente ao desenvolvimento acentuado dos setores de petróleo e gás e de bens de capital e o conseqüente aumento da demanda por tubos de grande diâmetro, plataformas, navios e máquinas e equipamentos.

Segundo comunicado divulgado dia 5 de dezembro, a companhia de origem gaúcha investirá US$ 400 milhões na nova linha que será localizada em uma de suas usinas no Brasil.

Até agora a empresa produz aços planos na subsidiária peruana Siderperu e na sociedade localizada nos Estados Unidos Gallatin. No país, a produção se restringe à área de placas. Mas desde 1971 comercializa aços planos produzidos por outras empresas e vendidos por meio da Comercial Gerdau, distribuidora de produtos siderúrgicos do grupo.

Com o novo investimento, a empresa avança no segmento, fabricando produtos de maior valor. A chapa grossa é um dos produtos de maior valor agregado entre os laminados longos.

Neste trimestre, está sendo comercializado a US$ 820 a US$ 830 a tonelada, enquanto o mesmo volume de galvanizados está sendo cotado a US$ 720 a 780 e a tonelada de bobina a frio, de US$ 620 a US$ 680. "Estamos expandindo nossa experiência em aços planos da área comercial para a industrial no Brasil, com objetivo de prestar melhores serviços aos nossos clientes, oferecendo uma linha de produtos mais completa", declarou no comunicado o diretor-geral de operações da Gerdau, Claudio Gerdau Johannpeter.

"Faz todo o sentido a Gerdau realizar esse investimento", afirmou o professor Marcos Barbieri, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Se ela quiser crescer e permanecer consolidadora, precisa diversificar para aços planos e avançar em aços especiais, em que já possui atuação", completou.

O projeto prevê a instalação de um laminador de chapas grossas com capacidade para produzir 870 mil toneladas por ano e entrará em operação em 2010, gerando mais de 200 empregos. A Gerdau não revelou o local onde o equipamento será instalado. "Os estudos de viabilidade que definirão a localização da expansão estão em fase de conclusão", afirmou o comunicado. Uma das possibilidades mais prováveis é que a nova linha seja instalada em na Gerdau Açominas, onde já existe a produção de placas, usadas na indústria naval.

A Gerdau informou que as chapas grossas serão comercializadas no mercado interno e também exportadas, seguindo a estratégia de internacionalização que o grupo vem desenvolvendo.

Atualmente, a produção brasileira de chapas grossas é de 1,9 milhão de toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) com base nos números apurados em 2006. Deste total, as vendas internas totalizaram 1,2 milhão de toneladas, enquanto as exportações foram de 711 mil toneladas.

O Sistema Usiminas é o único produtor de chapas grossas no País. Por ocasião da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a companhia mineira informou que as vendas internas de chapas grossas cresceram 58% no acumulado em nove meses, "devido ao excelente desempenho dos setores de tubos de grande diâmetro, naval, equipamentos industriais, rodoviários e construção civil".

Para atender ao crescimento do mercado brasileiro, a siderúrgica foi obrigada a reduzir exportação e até importar. Com isso, 90% da produção passou a ser destinada ao mercado interno, ante cerca de 73% em 2006.

Além disso, importou 150 mil toneladas do produto. Diante da oferta apertada, a Usiminas já definiu uma expansão na capacidade de produção de chapas grossas de 500 mil toneladas. Também a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já anunciou a intenção de fabricar o produto.

O forte crescimento da demanda e dos preços no mercado interno também fizeram uma das principais consumidoras do produto no País, a Transpetro, abrir licitação para compra internacional, mas o negócio só deverá fechado no ano que vem.