Fiat terá a maior fábrica de carros do mundo em Betim

Fonte: Gazeta Mercantil - 26/11/07
Foto: Divulgação
 
O presidente mundial do Grupo Fiat, Sérgio Marchionne, que está no Brasil desde quarta feira, será recebido hoje no Palácio do Planalto para anunciar ao presidente Luís Inácio Lula da Silva um programa de investimento no valor de € 1 bilhão no País com o objetivo de transformar a unidade industrial de Betim na maior fábrica de automóveis do mundo. A empresa iniciou suas atividades há 32 anos com a produção diária de 800 veículos, atualmente produz 3 mil carros a cada dia útil e, depois da nova expansão, poderá fabricar 5.200 veículos a cada 24 horas.

A decisão de praticamente duplicar a capacidade da produção no Brasil decorreu da visita de inspeção que o executivo realizou na fábrica da montadora em Córdoba, na Argentina, onde fez escala antes de desembarcar em Minas. Segundo fontes do setor automotivo, Marchionne não considerou satisfatória a estratégia de complementar a produção brasileira em um país que passa por grave crise de energia elétrica, sem solução em curto prazo.

A decisão de anunciar os investimentos em Brasília causou mal-estar no governo mineiro, que desejava ver a solenidade no Palácio da Liberdade, exatamente como ocorreu em 1974, quando o principal acionista do grupo italiano, Gianni Agnelli, assinou o contrato para a construção da fábrica com o então governador Rondon Pacheco. Aécio Neves, atual governador mineiro, fez escala na Itália na semana passada, de volta de uma viagem a Israel, para tratar do assunto, mas prevaleceu a versão de que na capital da República o evento teria repercussão nacional.

Outro argumento decisivo foi o fato de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou recentemente R$ 600 milhões para a montadora usar livremente em seu programa de investimentos. O governo mineiro rebateu com a informação de que, poucos dias depois, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), instituição estadual de fomento, abriu um crédito ainda maior para a Fiat, de R$ 800 milhões.

Involuntariamente acabou se chegando a uma solução que agradou a todos, pois o governador mineiro se encontra em Brasília desde ontem para participar do Congresso Nacional do PSDB, o seu partido. Em vez de vir a Minas para presidir a solenidade e depois voltar, apenas deixará a reunião para se encontrar com o presidente da República e Marchionne.

A Fiat sempre negou a ampliação da fábrica, como de resto procurou ocultar a visita do seu principal dirigente ao Brasil. A empresa somente admitiu que realiza importantes obras de ampliação em sua unidade em Betim, como grandes expansões nas áreas de funilaria, pintura, de circulação de veículos, depois que funcionários das empreiteiras cometeram a inconfidência de revelá-las à imprensa. Hoje, a fábrica opera a plena capacidade, em jornada ininterrupta que começa à zero hora de segunda-feira e vai até as 6 horas da manhã de sábado.

Segundo a empresa, de 1.º de janeiro a 30 de outubro deste ano foram produzidos 596.524 veículos, total que a qualifica como a maior unidade de produção industrial de automóveis na América Latina. A esse recorde deve ser acrescida a circunstância de se produzirem naquelas instalações 14 modelos diferentes em 50 versões, fato sem similar no mundo. A fábrica possui hoje 15 mil empregados, número bem inferior aos 25 mil da época da sua inauguração. Essa redução decorre da adoção do programa just in time, que consiste na transferência de muitas atividades industriais para os seus fornecedores.

A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), da qual é conselheiro o presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, foi informada de que a montadora aceitava o terreno de 1,5 milhão oferecido pela Prefeitura de Betim para a expansão da fábrica, como também solicitou outro terreno da mesma dimensão para atender aos novos planos da montadora. O prefeito Carlyle Pedrosa, de Betim, não confirmou a solicitação a este jornal, mas disse que providenciará a área que for necessária. "O empreendimento é importante para Minas e fundamental para a cidade", declarou.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Marcelino Rocha, informou que, a despeito do esforço atual para ampliar sua capacidade de produção, a Fiat não conseguirá atender à demanda de 2007 e que o déficit está em torno de 25 mil veículos que foram encomendados e certamente não serão entregues até 31 de dezembro.

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