Polêmica sobre carros autônomos é exagerada, diz CEO da Cruise

Navegue pelo cenário dos carros autônomos em São Francisco e descubra a perspectiva do CEO da Cruise, Kyle Vogt, por trás das manchetes

Encontrar um carro autônomo, sem motorista, em São Francisco, nos Estados Unidos não é algo raro, já que a cidade tem sido anfitriã de testes dessa tecnologia. Enquanto autoridades e sociedade têm se mostrado frustrados, o CEO da Cruise, Kyle Vogt, afirmou em entrevista ao Washington Post que a angústia em torno dos carros sem motorista é exagerada e preconceituosa com os robôs. A entrevista foi publicada em setembro, um pouco mais de um mês antes da empresa anunciar um Memorando de Entendimento com a General Motors Company (GM) e a Honda Motor com o objetivo de estabelecer uma joint venture que iniciará um serviço de transporte sem motorista no Japão no início de 2026. 

Na entrevista, Vogt defende que o desenvolvimetno de veículos autônomos é benéfico à sociedade e considera a resistência para implementação exagerada. "Qualquer coisa que façamos de forma diferente dos humanos está sendo sensacionalizada", disse o CEO. 

Por outro lado, o Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia investiga problemas causados por carros automatizados e determinou que a Cruise reduza a frota em 50%, em São Francisco. Vogt considera a ação cautelar apropriada, mas afirma que no geral há um exagero. "Ninguém nunca ficou gravemente ferido em vários milhões de milhas de direção e centenas de milhares de viagens fornecidas em São Francisco", explicou.

São Francisco é um celeiro de testes para carros autônomos e apresenta desafios para a nova tecnologia, muito por conta de suas ruas sinuosas, íngremes e nebulosas. Dezenas de incidentes foram registrados na cidade, sem registros graves. Em Tempe, no Arizona, a história foi diferente e teve um acidente fatal. 

Benefício público e alguns poréns

Os carros da Cruise causaram alguns contratempos no trânsito de São Francisco. Um carro parou na interseção de um sinaleiro e se envolveu em um acidente com um caminhão do Corpo de Bombeiros, à caminho de um chamado. Outra situação foi a de carros que pararam em interseções próximas a um festival. A empresa diz que o festival atrapalhou o sinal da área, o que causou os incidentes. Vogt explicou: "Estamos falando de um atraso no trânsito de 15 minutos para algo que, por outro lado, está proporcionando um benefício público enorme e bastante mensurável para a comunidade".


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O CEO da Cruise explicou que o software dos veículos é atualizado a cada duas a quatro semanas. Ele defende ainda que é saudável a sociedade debater sobre o assunto, uma vez que os carros sem motorista compartilham as estradas com humanos. Ele rechaça, entretanto, o que chama de duplo padrão, que é a comparação entre humanos e robôs, afirmando que se um carro dirigido por humanos invadisse uma ciclovia não seria algo extraordinário, mas chamaria a atenção se fosse um robô. "Se eu filmasse todas as interseções, você veria pessoas passando por semáforos vermelhos, ignorando sinais de pare e excedendo o limite de velocidade", disse ele. "Estamos cercados por esses perigos".

As autoridades de São Francisco têm uma opinião diferente. Funcionários consideram que quanto maior a frota de carros automatizados, maior as chances de incidentes no trânsito. Phil Koopman, professor da Universidade Carnegie Mellon, considera que os estudos com carros autônomos não mostraram avanços significativos e que um acidente mais grave é iminente. "Essas empresas estão usando as estradas públicas e colocando todos os usuários da estrada em risco com uma tecnologia imatura", disse ele ao Washington Post. "Chegamos ao ponto em que podemos conviver com os motoristas humanos e não temos como saber se [os carros autônomos] serão mais seguros do que os humanos. Então, por que não deveríamos examinar isso?"

Em meio à investigação do Departamento de Veículos Motorizados, Vogt revela que a Cruise tem avançado com mais atualização na tecnologia, trabalhando para que os carros automatizados andem em alta velocidade para serem usados em rodovias e para pegar passageiros em locais seguros, evitando falhas.

Vogt conclui explicando que “a perfeição, quando se trata de direção, não existe".