Startup criada no MIT confirma R$ 573 milhões em planta de aço verde em Minas

Na planta industrial será utilizada uma tecnologia inovadora para aproveitar os rejeitos de minério para extrair metais e ligas em geral

Boston Metal, startup criada e desenvolvida dentro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), investirá R$ 573 milhões na construção de uma unidade produtora de aço verde na região de Coronel Xavier Chaves, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais. A informação foi confirmada pelo governador do estado, Romeu Zema, que no começo de maio esteve nos Estados Unidos para assinar o protocolo de intenções do projeto.

Na planta industrial será utilizada uma tecnologia inovadora para aproveitar os rejeitos de minério para extrair metais e ligas em geral. Para isso, a empresa utilizará um processo chamado eletrólise de óxido fundido (MOE), que utiliza eletricidade, dispensando o emprego de carvão ou combustíveis fósseis.

Durante o anúncio, o governador destacou que o investimento poderá levar ao estado resultados revolucionários, já que, no processo produtivo para produzir aço ou ligas a partir do rejeito do minério de ferro, é utilizada energia elétrica, fonte de energia limpa sem a emissão de gases que causam o efeito estufa.

“O que, no passado, era motivo de preocupação, terá uma finalidade com a nova tecnologia que a Boston Metal desenvolveu e que será implantada em Minas Gerais”, disse. Será uma oportunidade para a empresa “atuar por um longo período, retirando do meio ambiente o que se achava que não tinha valor”, complementou Romeu Zema.

Pioneirismo em Minas Gerais

De acordo com o CEO e chairman da Boston Metal, Tadeu Carneiro, Minas será o primeiro local, no mundo, a receber essa unidade produtiva. A empresa prevê, segundo Carneiro, a criação de mil empregos diretos e indiretos até o ano de 2026.

“É uma tecnologia revolucionária que pode obter metais a partir do tratamento dos rejeitos da mineração. O processo pode ser usado para tratar qualquer tipo de rejeito e obter metais de alta pureza. Além de reduzir a necessidade de extrair minérios de minas convencionais, o modelo tem baixo impacto ambiental, pois utiliza a eletricidade como fonte de energia, e não carvão ou combustíveis fósseis. Essa tecnologia dá a possibilidade de as siderurgias fabricarem ‘aços verdes’, com baixa pegada de carbono”, ressaltou o presidente da Boston Metal do Brasil, Itamar Resende.

Obras iniciadas

O projeto já está em implementação no município de Coronel Xavier Chaves, próximo a São João del-Rei, com previsão de inauguração no segundo semestre deste ano. A produção já deve ser iniciada em 2024, em pequena escala, aumentando o volume produzido com o passar dos anos.


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A expectativa é que a planta comece a operar em escala comercial até 2026, disponibilizando aos produtores de aço um produto que ofereça zero emissão líquida de gases de efeito estufa, podendo atender à demanda mundial por aço ecológico.

“A planta industrial no Campo das Vertentes vai beneficiar os rejeitos de mineração de tântalo e nióbio, que são elementos com maior valor agregado. Mas o processo pode ser utilizado em resíduos de qualquer mineração. Certamente, este primeiro projeto da Boston Metal servirá de modelo para o mundo e incentivará outras parceiras para uso da tecnologia em outros locais”, complementou Resende.

Inovação

A Boston Metal é uma startup criada e desenvolvida dentro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, considerado uma das melhores universidades do mundo e a principal referência em ensino e pesquisa em inovações tecnológicas. A empresa conta com apoiadores e investidores, sendo os mais conhecidos no Brasil o fundador da Microsoft, Bill Gates, e os grupos BMW, Arcelor e Vale.

“É bastante satisfatório ver que uma startup nascida no maior ambiente de inovação do mundo escolheu Minas Gerais para a sua primeira planta de produção. Isso agrega muito valor à nossa economia e, certamente, chama a atenção de outras marcas globais para também investirem aqui no estado, gerando emprego e renda”, afirmou o secretário Fernando Passalio.

Para o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, a empresa norte-americana vai incrementar ainda mais o setor de inovação em Minas Gerais, que já é destaque no país.

“Somos o segundo estado com maior número de startups no Brasil. E esse investimento significa uma importante ponte entre Minas e um dos mais importantes ambientes de inovação do mundo, podendo atrair ainda mais negócios de alta tecnologia para o nosso estado”, explicou.