Desembolso do BNDES para o setor metalúrgico sobe 127%

Fonte: Gazeta Mercantil - 19/11/07

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a área de metalurgia, que inclui siderurgia como principal segmento, aumentaram 127% no acumulado do ano até outubro, em relação ao mesmo período de 2006.

Em dez meses os recursos somaram R$ 3,08 bilhões, muito acima do R$ 1,35 bilhão de igual período do ano passado. Os valores levam em conta o financiamento direto a projetos do setor e também operações indiretas via Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES automático, entre outros programas em que os recursos são liberados via outras instituições bancárias.

Tal crescimento fez a participação do setor no total de desembolsos da instituição subir quase três pontos percentuais, para 6,18% dos R$ 49,8 bilhões liberados até outubro. Em 2006 era 3,86%. A instituição destaca que não foi apenas o valor de desembolsos que aumentou mas também o número de operações realizadas. Somente de janeiro a outubro deste ano foram 2.403 operações, 57% mais que as 1.531 de igual período do ano passado.

O chefe do departamento de indústria de base do BNDES, Paulo Sérgio Fonseca, ressaltou que o volume de recursos desembolsados pelo banco tem crescido porque o setor tem investido mais. "Os preços de todos os metais explodiram e isso estimulou investimentos."
O departamento de Fonseca, que responde apenas pelos financiamentos diretos ao setor de siderurgia, mineração e cimento, totalizou até outubro R$ 3,37 bilhões, volume superior ao de todo o ano de 2006. "A maior parte dos recursos vai para o setor de siderurgia. Em mineração, o maior investidor do País, a Vale tem realizado investimentos com recursos próprios."

Expansão

Para o representante do Banco, a tendência é de que os financiamentos aumentem ainda mais nos próximos anos, já que várias empresas anunciaram planos de expansão e ainda não solicitaram empréstimos. Por hora o maior projeto com desembolso em andamento é para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), joint-venture do grupo alemão ThyssenKrupp em parceria com a Companhia Vale do Rio Doce.

O projeto, de construção de uma usina de placas com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço bruto por ano a partir de 2009, consumirá investimentos de R$ 8 bilhões dos quais R$ 1,5 bilhão financiados pelo banco. "Este ano serão R$ 500 milhões."

"A Usiminas tem um plano audacioso e é um tradicional parceiro do banco, certamente no futuro estudaremos alguma coisa para eles", disse. "Também a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) tem anunciado a intenção de investir em uma série de projetos", acrescentou.

No início deste ano a Usiminas anunciou investimentos adicionais de US$ 5,3 bilhões em seu plano de expansão para o período 2005-2015, que passou a totalizar US$ 8,4 bilhões. A siderúrgica planeja ampliar em 2,2 milhões de toneladas a produção de aço líquido em Ipatinga (MG) e deve construir uma nova unidade de placas de 3 milhões de toneladas no início da próxima década.

A CSN já anunciou um plano de investimento de US$ 6 bilhões para ampliar a capacidade de produção de placas em até 9 milhões de toneladas. Outros US$ 112 milhões devem ser aplicados na construção de uma usina com capacidade para produzir 500 mil toneladas de aços longos.

Fonseca também destacou outros projetos em estudo e sendo anunciados, como a Companhia Siderúrgica de Vitória (CSV), parceria da Vale com a chinesa Baosteel; a Siderúrgica do Maranhão, projeto que segundo rumores de mercado tem sido estudado pela indiana Tata Steel, e a Ceará Steel, da coreana Dongkuk Steel com a participação da Vale.

No total, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), os investimentos no setor devem somar US$ 17,2 bilhões até 2012, somente considerando projetos já definidos associadas. Isso resultaria em um aumento de capacidade dos atuais 37,1 milhões de toneladas para 52,2 milhões.