CNH usa grãos como ativos digitais em operação inédita no país

Produtor usou grãos transformados em ativos digitais lastreáveis para comprar trator da New Holland Agriculture

Transformar os próprios grãos cultivados em uma espécie de ‘moeda digital’ para comprar máquinas e implementos já é uma realidade no agronegócio brasileiro.

O produtor Wagner Cruvinel, de Silvânia (GO), está atualizando a frota da sua propriedade e pagou parte do seu novo trator T8, da New Holland Agriculture, por meio dos grãos transformados em ativos digitais lastreáveis. É a primeira vez que esse modelo de negócio acontece no Brasil.

A transação foi possível graças à parceria do Banco CNH Industrial, responsável pelos serviços financeiros da CNH Industrial, com a Agrotoken, empresa pioneira no mundo na tokenização de commodities agrícolas. A finalização do negócio foi no estande da New Holland, marca da CNH Industrial, no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR).

A aquisição de máquinas e implementos agrícolas nesta modalidade durante a feira garantiu condições interessantes durante a negociação. “Com os grãos transformados em ativos digitais, foi possível negociar com o recurso que já tenho disponível no ecossistema da empresa”, enfatiza Cruvinel.

Negócio inédito

A operação inédita no país representa o pontapé inicial para o comércio desse tipo de ativo digital no ramo de máquinas agrícolas. "Este é um grande passo para a New Holland e para a agricultura brasileira. Vivemos em um mundo em constante transformação e o campo não é exceção. A economia digital já faz parte de nossas vidas e esta é uma amostra do potencial de evolução e desenvolvimento que temos em nosso negócio", disse Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina.


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"Promovemos a digitalização porque nos dá flexibilidade, capacidade de inovar com simplicidade e agilidade, sempre com foco nos nossos clientes", disse Heberson De Goes, presidente do Banco CNH Industrial para a América Latina. “E estamosmuitosatisfeitoscom a possibilidade de expansão dos nossos negócios agrícolas no Brasil e, também, na Argentina”, completa De Goes.

Como funciona a negociação em “grãos digitais”

A Agrotoken possui um ecossistema eficiente, seguro e confiável, que transforma a produção agroindustrial em ativos digitais lastreáveis.

Na prática, a empresa transforma os grãos em um bem digital, para guardar ou trocar por insumos, serviços e outras possibilidades. Com os grãos físicos digitalizados na plataforma da Agrotoken - transacionados de forma segura por meio da tecnologia blockchain -, os grãos são convertidos em ‘agrotokens’ como crédito para o produtor usar em operações comerciais e financeiras, sempre com o apoio direto dos grãos, que tem seu valor atrelado ao preço da soja, milho e trigo.

Vinculados à origem da emissão do ativo físico, os agrotokens são lastreados em ativos reais, ao contrário dos NFTs. Isso significa que têm valor idêntico em todo o território nacional, independentemente de onde e por quem foram emitidos, conforme preço indexado em índices como Esalq, CEPEA/B3, Argus e Platt, paridade que a torna uma stable coin, ou seja, moeda de baixa volatilidade.

Recém-chegada ao Brasil, a Agrotoken tem como estratégia de mercado, tokenizar mais de 1 milhão de toneladas de grãos até o final do ano.