Neuman & Esser investirá R$ 45 milhões na fabricação de máquinas de geração de hidrogênio verde, em MG

Inicialmente, a empresa investirá R$ 20 milhões, ainda neste ano, para expandir unidade mineira.

Com a intermediação da Invest Minas, a empresa alemã Neuman & Esser assinou um protocolo de intenções com o Governo de Minas Gerais para investir até R$ 45 milhões na fabricação de equipamentos de geração de hidrogênio verde, que tem emissão de poluentes próxima de zero. Diversas nações pelo mundo já incentivam a criação de projetos de produção e uso de hidrogênio visando à redução da emissão de gases de efeito estufa. A expectativa é que o projeto gere cerca de 75 empregos diretos na fábrica da N&E, além de cerca de 200 indiretos.

A Neuman & Esser, com filial instalada no bairro Olhos D’água, em Belo Horizonte, vai fabricar os geradores de hidrogênio verde através de eletrólise e reformadores de etanol e biometano, além de desenvolver outras tecnologias.
 
“De imediato, vamos investir R$ 20 milhões já em 2022 para extensão da fábrica aqui em Minas. Mas teremos mais investimentos em parcerias com empresas que vão solicitar outras tecnologias adequadas para as atividades e necessidades delas”, afirma o diretor geral da empresa, Marcelo Veneroso.

O hidrogênio possui valor energético até três vezes maior que os combustíveis tradicionais e é um elemento bastante abundante no nosso planeta. Ele pode ser produzido a partir de diversas fontes, seja por meio de reações químicas, como a eletrólise, durante a produção de outras substâncias (como etanol) ou até do próprio ar. Quando ele é obtido por meio de processos também sustentáveis, é chamado de “hidrogênio verde”.

A utilização dele também é variada. Ele pode substituir a gasolina ou o diesel para alimentar os motores dos veículos e o gás natural na indústria. Para falar de uma atividade bem próxima de nós, mineiros, o hidrogênio também pode ser usado como substituto do carvão mineral na fabricação de aço. Ele é considerado não-poluente porque o resíduo de sua combustão é o vapor d’água.


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Segundo dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), espera-se que, até 2050, cerca de 6% do consumo final de energia no mundo poderá estar ligado ao hidrogênio. Pensando nisso, muitos países já incentivam o desenvolvimento de tecnologias que permitem a produção e o uso comercial do elemento. A Alemanha investe 9 bilhões de euros na transição para o hidrogênio e a Holanda pesquisa a injeção do elemento nas tubulações de gás natural que abastecem casas e indústrias.

Outro bom exemplo que pode ser seguido por Minas é o do Chile, que quer utilizar outras fontes renováveis para produzir hidrogênio verde. “As tecnologias de hoje inviabilizam o armazenamento de energia. Você precisa consumir de imediato o que produz. Já o hidrogênio pode ser armazenado. Por isso, pode-se usar as energias solar ou eólica para produzir hidrogênio verde por meio da eletrólise e armazená-lo. Quando for necessário, você utiliza o hidrogênio para gerar energia novamente”, explica Veneroso. 

Apoio do Estado 

A Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais desenvolveu e divulgou o Tratamento Tributário Setorial (TTS) específico para o segmento de máquinas e equipamentos, numa ação aprovada pela Comissão de Política Tributária da Subsecretaria da Receita Estadual. “Entre outros aspectos, o TTS prevê a concessão de diferimentos do ICMS e crédito presumido nas vendas de produtos industrializados em Minas Gerais. Sem dúvida, isso contribui para impulsionar a economia regional e gerar empregos para os mineiros”, avalia o subsecretário da Receita Estadual, Osvaldo Scavazza.

Para o diretor de Atração de Investimentos da Invest Minas, Ronaldo Alexandre Barquette, o investimento coloca o Estado na liderança desse promissor mercado. “O hidrogênio verde é o combustível do futuro, e Minas Gerais possui um potencial imenso neste mercado, tanto de produção quanto de consumo. Além disso, os equipamentos que produzem hidrogênio precisam de peças e componentes que já são ou podem ser produzidos aqui mesmo, criando uma novos negócios dentro do setor da indústria”, afirma.

Alberto Machado Neto, diretor-executivo de Petróleo, Gás Natural, Bioenergia e Hidrogênio da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) concorda com Barquette de que investimentos em hidrogênio, como o da Neuman & Esser, criam novas oportunidades em um mercado que só tende a crescer.

“É da maior importância para o nosso desenvolvimento que o Brasil venha a dominar toda a cadeia de valor envolvida na produção de hidrogênio, incluindo tecnologia, engenharia, fabricação de máquinas e equipamentos e operação das plantas. Nós atuamos no sentido de engajar o máximo empresas para aproveitar as demandas que irão surgir com a introdução no hidrogênio na matriz energética”, afirma o dirigente.