Aquecimento global pode gerar desaceleração econômica

Fonte: Carbono Brasil - 12/10/07

As mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global podem causar estagnação, desaceleração do crescimento econômico e elevação de preços em todo o mundo. É o que afirma um relatório divulgado pelo banco de investimentos Morgan Stanley nesta terça-feira. Em outras palavras, as mudanças climáticas se tornaram sérias o bastante para abalar a economia mundial.

O documento diz que a Coréia do Sul é um dos países mais vulneráveis a problemas ambientais. A economista do Centro de Pesquisas da Europa no Morgan Stanley, Elga Bartsch, afirma que “as mudanças climáticas estão muito próximas de causarem impactos na economia global em um nível comparável com o colapso do comunismo e a revolução da internet”.

Clima afeta economia

O relatório destaca que as preocupações com as mudanças climáticas podem alimentar o protecionismo global. Também diz que, se a maioria dos países desenvolvidos reforçar as regulamentações ambientais com objetivo de frear as mudanças climáticas, as nações em desenvolvimento e outros países desenvolvidos certamente terão dificuldades para exportar seus produtos. Com isso, aumentariam as barreiras comerciais para se proteger a indústria local, o que levaria a uma desestabilização dos preços.

Nesse processo, a produção reduzida de cada país desencadeia a estagflação - termo cunhado nos EUA  na década de 70 para indicar inflação persistente combinada com a estagnação (descida no nível de consumo e aumento do desemprego).

Os países em desenvolvimento estão mais suscetíveis a sofrer com esse fenômeno uma vez que os desastres naturais e as doenças causadas pelas mudanças climáticas tendem a atingir as regiões mais pobres.

O relatório do Morgan Stanley prevê que as mudanças climáticas provocarão um grande impacto no mercado financeiro global.  A expectativa é de que fundos que investem massivamente em tecnologias de adaptação aos problemas do clima liderem o mercado. As moedas que não estiverem aptas a se adaptar à nova realidade também sofrerão no mercado financeiro.

O documento ainda enfatiza que o recurso mais afetado pelas mudanças não será o ar, mas a “quantidade e a qualidade da água”.

Mais vulneráveis

O Morgan Stanley realizou uma pesquisa com 25 países (10 desenvolvidos, incluindo EUA e Japão, e 15 em desenvolvimento, incluindo Coréia e China) focada em 76 itens como quantidade restante de recursos naturais; nível de contaminação no presente e no passado; política ambiental; habilidade de improvisação pelo Índice de Sustentabilidade Ambiental (ESI) e medição de emissões de gases do efeito estufa.

No quesito ESI, a Coréia do Sul é considera a mais propícia a desastres naturais e epidemia de doenças, dada a sua localização geográfica próxima à fábrica do mundo – China – e à poluída Rússia, além da densidade populacional, que aumenta o potencial para catástrofes naturais.

O relatório, no entanto, explica que é pouco provável que a Coréia seja atingida na realidade porque possui mais capacidade para gerenciar as mudanças climáticas, a saúde pública e a poluição do que Paquistão, China, Índia e África do Sul – também listados como vulneráveis.

A Ucrânia é o país mais suscetível aos impactos originados pela emissão de gases do efeito estufa, seguida pela Rússia, Arábia Saudita e Irã. Estas nações em desenvolvimento com abundância de recursos naturais como óleo serão afetadas pela volatilidade dos preços dessas fontes e pela pouca existência de indústrias com eficiência energética.

Oportunidades para Europa e Japão

Os Estados Unidos e a Austrália, ricos em recursos naturais, Polônia e Coréia devem sofrer com o atraso econômico até certo ponto, visto que não estão livres dos impactos das mudanças climáticas.

Países europeus como França, Alemanha, Espanha e Itália, assim como o Japão, devem se beneficiar do fenômeno. Eles se destacam pela excelente pesquisa e desenvolvimento em tecnologias relacionadas com meio ambiente e estão menos expostos aos problemas do clima. Poderão não apenas vender tecnologia, mas liderar o mercado global que será influenciado pelas mudanças climáticas.