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Setores da Indústria de transformação tiveram queda de 4,6% na produção em 2020

Estudo do IEDI mostrou que a retração foi maior em fábricas com média-alta intensidade tecnológica.

A pandemia foi severa com diferentes setores da economia e com a indústria de transformação não foi diferente. A área teve um recuo de 4,6% em 2020, de acordo com um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). A pesquisa, com base em dados do IBGE, analisou os resultados a partir da divisão da indústria em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média e média-baixa. 

O resultado mostrou que nenhuma destas faixas apresentou crescimento durante o último ano. Isso porque a pandemia afetou tanto a cadeia de insumos quanto o ritmo de consumo, encarecendo a produção e dificultando seu escoamento. Mesmo em um cenário com variáveis muito parecidas, em 2021 a expectativa é que o setor tenha um leve crescimento, levando em consideração o impulso, mesmo que tímido, que as indústrias tiveram no quarto trimestre de 2020: as indústrias da faixa de média-alta tecnologia avançaram 5,3%, a de média intensidade avançou 8,9%, a de alta 3,1% e a de média-baixa 3,3%. 

O estudo, entretanto, alerta que a aceleração da curva de infecção pode reverter esse cenário. Confira como se comportou cada faixa industrial em 2020:

Alta intensidade tecnológica

Esta faixa engloba a indústria farmacêutica e a de eletrônicos — desde materiais de escritório, passando por rádio e TV, até instrumentos médicos e de precisão. No geral, o segmento teve uma queda de 3,4% de produtividade em 2020.

A indústria farmacêutica, como era de se esperar, conseguiu crescer no último ano, mas mesmo assim os resultados são poucos, 2%. Outra indústria que fechou no positivo foi a de equipamentos de áudio, vídeo e comunicação, alcançando um resultado de 1,3% em 2020.

A produção de materiais de escritório retrocedeu 6,6% e a de equipamentos médico-hospitalares diminuiu 9,5% no último ano. 

Média-alta intensidade

O segmento engloba as indústrias de automóveis, químicos, máquinas e equipamentos e instrumentos e materiais. No total, ele teve uma queda de 12,6% em 2020. A principal causa para a queda foi a produção de automóveis, que caiu 28,1% no ano, muito por causa das medidas de restrição de funcionamento nas fábricas e mudança de comportamento do consumidor. 


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A produção de máquinas e equipamentos teve um recuo de 2,6% e 4,2%. Acompanhando o ritmo de queda, as indústrias de instrumentos e materiais caíram  22,2%. O único resultado positivo foi o das fábricas químicas, que cresceram 0,2% em 2020.

Média intensidade

A faixa engloba fábricas de borracha e materiais plásticos, bens diversos, minerais não metais, metalurgia e manutenção e reparação de máquinas e equipamentos. A retração dessas indústrias chegou a 5,8% em 2020.

A metalurgia puxou esse resultado, com uma queda de 7,2% no ano. A fabricação de produtos minerais não metálicos caiu 2,3% e de borracha e produtos plásticos recuou 2,5%.

As maiores quedas, no entanto, foram dos setores de fabricação de produtos diversos (-12,5%) e de manutenção (-16%). 

Média-baixa intensidade

As fábricas desse nicho trabalham com o setor têxtil, moveleiro, celulose, alimentícios, produtos de metal e derivados do petróleo. No total, essas indústrias apresentaram a menor queda, de 0,1%.

O setor de alimentos e bebidas, essencial durante a pandemia, cresceu 3,6%. Acompanhando o impulso, o setor de derivados de petróleo cresceu  4,4%. A balança pesou para o lado negativo nas fábricas do setor moveleiro e de celulose, com queda de 4% e no setor têxtil que apresentou retração de 17,4% em 2020.