Ford e Mercedes-Benz preparam investimentos no país

Fonte: Gazeta Mercantil - 17/10/07

Depois de longo período sem fazer expressivos investimentos, a Ford do Brasil anunciou ontem na Feira Internacional de Transportes (Fenatran) que vai aplicar R$ 300 milhões na fábrica de caminhões. O recurso será utilizado por um período de cinco anos para o desenvolvimento de novos caminhões e a expansão da rede de distribuidores.

O presidente da Ford Motor Company para América do Sul, Dom DiMarco, não deu detalhes sobre quando e quais produtos serão fabricados na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Mas destacou que "a solidez da economia, os investimentos anunciados pelo governo em infra-estrutura e a previsão positiva sobre o futuro do país foram indicadores que pesaram muito na decisão da companhia de investir em novos produtos".

O presidente da Ford Mercosul e Brasil, Marcos Oliveira, disse que os investimentos virão de recursos próprios da América do Sul. Ao longo desses cinco anos, a empresa buscará alternativas financeiras, que podem ser por meio de linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) ou pelo resgate do crédito de ICMS sobre as exportações. Além de modernizar os produtos que já são feitos no Brasil, a Ford também pretende explorar novos nichos no mercado de caminhões.

Os executivos não detalharam quais segmentos, mas deixaram a entender que o segmento de extrapesados e semileves são os potenciais. Os novos veículos serão desenvolvidos no Brasil, onde a Ford mantém uma equipe com 180 engenheiros dedicados à criação de caminhões.

Fila de espera

Mesmo com fila de espera para entregar caminhões, os investimentos anunciados ontem não serão aplicados em aumento de capacidade. "A fábrica de São Bernardo tem flexibilidade que permite aumentar o volume de produção rapidamente", disse Oswaldo Jardim, diretor de Operações da Ford Caminhões América do Sul.

Esta unidade tem capacidade de montar um veículo a cada três minutos. "Por isso, vamos continuar trabalhando em um turno, mas tentando sempre melhorar a eficiência dos processos para elevar a produtividade e reduzir o prazo de entrega dos caminhões", completou o diretor. Quem comprar um caminhão da Ford hoje só poderá retirá-lo em fevereiro de 2008.

O presidente da Ford Mercosul e Brasil disse estar otimista em relação ao futuro do mercado de caminhões e projeta para 2008 um crescimento de 13%. "O objetivo da empresa é acompanhar essa expansão", destacou. Neste ano a Ford venderá 18 mil caminhões, ante 14 mil em 2006. As vendas de janeiro a setembro aumentaram 37,1%, com 14.023 unidades e a participação foi de 20,5%.

O plano da Mercedes

Já o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Gero Herrmann, estima que as vendas totais em 2008 fiquem entre 104 a 105 mil caminhões e fechem este ano com 97 mil unidades.

Com a fábrica de São Bernardo do Campo trabalhando a plena capacidade – a jornada é de três turnos, com horas extras aos sábados e domingos – e prazo de entrega de caminhões que varia de 30 a 60 dias, a Mercedes-Benz decidiu aumentar em 20% a produção. O presidente da empresa não revelou o quanto será necessário para a expansão da fábrica. "Estamos fazendo os ajustes finais e em poucos dias vamos anunciar o valor exato dos investimentos", disse Herrmann. Dos 60 mil veículos que a Mercedes prevê produzir neste ano, 20 mil unidades (10 mil de caminhões 10 mil ônibus) serão destinados para o mercado externo. A Argentina é o principal cliente. O volume de ônibus é 25% maior que em 2006.

Scania vai definir

O diretor geral da Scania Latin America, Christopher Podgorski, informou que a empresa ainda está definindo novos investimentos para o Brasil. "Só para atualização dos produtos a companhia investe anualmente US$ 30 milhões, mas na nova linha de caminhão fora-de-estrada, G 470 10x4 destinado ao setor de mineração, foram destinados US$ 50 milhões", disse Podgorski.

Neste ano a Scania vai produzir 22 mil caminhões e ônibus - exportará 70% destes veículos. Para 2008, Podgorski prevê uma expansão nos volumes de 10%. "Vamos continuar aumentando a produção até chegar ao nível que permite atender as necessidades dos clientes", disse o presidente da empresa.

Veículos fora-de-estrada

Podgorski considera que a Scania se encontra numa situação mais confortável em relação às encomendas de veículos. "Estamos conseguindo regularizar as entregas para 2008 porque mudou o comportamento dos clientes. Com a economia estável eles estão planejando melhor as suas compras", disse o diretor da Scania, lembrando que até setembro o mercado de extrapesado cresceu 43% e "ninguém esperava esse crescimento".

Tanto a Scania, quanto a Mercedes estão concentrando a maior parte dos seus desenvolvimentos em veículos fora-de-estrada, para atender o setor de cana-de-açúcar, florestal, mineração e de construção. Só a Scania elevou sua participação neste segmento de 17% em 2006 para 27% neste ano.

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