NASA e SpaceX: um marco na história que terá de ser visto na televisão

Nove anos depois, uma nave tripulada, desta vez da SpaceX, vai ser lançada a partir de solo norte-americano. A NASA pede aos entusiastas que vejam o lançamento, agendado para o dia 27 de maio, do Centro Espacial Kennedy, na Florida, em casa, por causa da pandemia.

É um voo histórico por vários motivos: quase uma década depois, a NASA volta a enviar humanos para o espaço, a partir do Cabo Canaveral; acontece num momento excecional da luta mundial conta a pandemia do novo coronavírus; e resulta de uma parceria público-privada.

Desde 2011, com o fim do programa de vaivéns espaciais, que os EUA enviam os seus astronautas para a Estação Espacial Internacional nos foguetes russos Soyuz, lançados a partir do Cazaquistão.

A 27 de maio, se não houver imprevistos, acontece o primeiro voo espacial tripulado desde 2011 a sair dos EUA, na Crew Dragon, a nave desenvolvida pela SpaceX, com astronautas a bordo.

"Foi um longo caminho", afirmou Douglas Hurley, um dos dois astronautas que partem em missão a bordo da nave construída pela empresa de exploração espacial do bilionário Elon Musk.

A cápsula Crew Dragon foi testada no ano passado, com um boneco a bordo. "Ripley", um "passageiro" cheio de sensores na cabeça, pescoço, costas, etc., fez um voo de teste para registar toda a experiência que um astronauta teria. Foi a primeira vez que a Estação Espacial Internacional recebeu uma nave comercial, cuja viagem desde o lançamento demorou 27 horas.

"Três, dois, um. Descolar", a contagem decrescente vai voltar a ouvir-se no Centro Espacial Kennedy, quase uma década depois do lançamento de Atlantis, que aconteceu durante a presidência de Barack Obama.

"Este é um momento incrível para ser astronauta, com uma nova nave", disse Robert Behnken, o outro astronauta que segue para a Estação Espacial Internacional e que, tal como Douglas Hurley, teve de ficar em quarentena desde 13 de maio, em Houston, por causa do novo coronavírus.


Continua depois da publicidade


O administrador da NASA Jim Bridenstine reiterou numa conferência de imprensa que era apenas a quinta vez na história que os Estados Unidos lançavam um novo programa de aeroespacial.

É também o primeiro que resulta de uma parceira público-privada, que junta o Governo à SpaceX. A NASA financiou o desenvolvimento da nave, em troca de um contrato que garante seis voos de ida e de volta até à Estação Espacial Internacional.

Histórico será também um lançamento sem multidões, pelo menos pelo que a NASA tem defendido, com apelos aos curiosos e aficionados para assistirem ao lançamento à distância, em suas casas por causa das regras de confinamento e de proteção contra a covid-19.

"[O lançamento] seria um circo, tanto dentro como fora da vedação, para a comunidade local", disse Dale Ketcham, vice-presidente da Space Florida, uma organização de desenvolvimento económico da indústria aeroespacial da região, ao site "Space.com". "Agora, ainda será um grande evento, simplesmente porque não pode ser restringido, mas obviamente será substancialmente subjugado", acrescentou.

Contrariamente ao que pediu o xerife do condado de Brevard, Wayne Ivey, que fez um apelo a todos os americanos para visitar a Florida para assistir ao momento histórico, a NASA tem reiterado que o melhor é assistir a tudo "a partir de casa", pediu o administrador Jim Bridenstine.

O foguete Falcon 9, que também foi construído pela SpaceX, já está em posição vertical, pronto para partir em direção ao espaço.

A administração de Donald Trump tem aumentado o orçamento da NASA com o objetivo de mandar outra vez o homem à lua, até 2024.