Empresas do setor de fundição trabalham no limite da capacidade

Fonte: Valor Online - 26/09/07

Com praticamente toda a capacidade produtiva ocupada, os dois grandes fornecedores de blocos fundidos no Brasil para as montadoras quebram a cabeça para atender a demanda do setor automotivo em 2008. As produções da Tupy e da Teksid respondem por cerca de 25% de todo o segmento de fundição no país e, no caso dos veículos, por mais de 90% do mercado de blocos e cabeçotes de motor. A preocupação do setor ocorre por conta das sucessivas revisões de planejamento das montadoras.

As opções em estudo vão desde investimentos em novas unidades e modernização das atuais, até a redução das exportações. Já no caso de peças fundidas utilizadas em suspensão, direção e freios, a situação é mais cômoda, pois existe número maior de fornecedores e também facilidade de importação.

O mercado automotivo representa 53% do faturamento e produção da indústria de fundição do país. A previsão da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), divulgada ontem (25), é de que sejam investidos até 2009 cerca de US$ 140 milhões na modernização e ampliação das unidades produtivas.

Segundo o diretor comercial da Teksid para o Nafta e Mercosul, Rogério Silva Júnior, a empresa se planeja para crescimento de 7% na produção das montadoras em 2008. Mas "a possibilidade de se repetirem as revisões de estimativas preocupa a companhia."

Em 2007, a Teksid ampliou a produção em 8,3%, o que resultará em 260 mil toneladas ao final do período. A capacidade instalada no país é de 300 mil toneladas por ano, mas na opinião do diretor, é preciso ter alguma ociosidade para atender um pico mais acentuado. A saída é repassar os contratos de exportação para outra unidade do grupo, como a do México.

O executivo conta que a unidade brasileira vem focando o mercado interno e, por conseqüência, reduzindo as exportações. "Hoje exportamos 25% da produção, que foram de 65%", declara.

A redução das vendas para o exterior não deve ocorrer na Tupy. De acordo com seu presidente, Luiz Tarquínio, não há nada de concreto em relação ao planejamento de 2008. "Estamos no limite da capacidade na produção de blocos e cabeçotes, mas precisamos confirmar as expectativas de crescimento das montadoras para investir". Apesar de Tarquínio não confirmar, fontes do mercado dão como certa a ampliação de produção da Tupy, atualmente em 500 mil toneladas por ano. Com os investimentos, a capacidade seria ampliada em, no mínimo, 60 mil toneladas.

O setor fechará 2007 com faturamento de US$ 6,2 bilhões. Para o presidente da Abifa, Devanir Brichesi, a previsão de aumento de 3,5% nos resultados do setor mostra uma situação não tão confortável. "Não acompanhamos as montadoras por causa do câmbio desfavorável". Brichesi encaminhou ao Governo Federal proposta de desoneração de mão-de-obra para aumentar a competitividade.

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