Estudantes do sul apostam na inovação tecnológica para construir aviões

Fonte: Assessoria de Imprensa da SAE BRASIL - 10/09/07

Já imaginou um avião que praticamente só tem asa? Isso mesmo, motor, fuselagem, trem de pouso, cauda e demais componentes são todos montados em uma única estrutura completamente integrada à asa. É assim o avião que a equipe Céu Azul, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), projetou para participar da IX Competição SAE BRASIL AeroDesign, programada para realizar-se de 4 a 7 de outubro, no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, São Paulo.

Estão inscritas na competição 73 equipes, sendo 68 brasileiras - de 14 estados e do Distrito Federal -, mais cinco equipes do Exterior. Juntas, representam 55 instituições de ensino.

Quinze equipes da região Sul estão na competição de engenharia. Santa Catarina conta com duas equipes, o Paraná, com quatro, e o Rio Grande do Sul, com oito. Com o desenvolvimento dos projetos concluído, as equipes correm agora contra o relógio na construção e testes dos aviões, radio controlados e em escala reduzida.

Na busca de um avião leve, a equipe Céu Azul projetou o compartimento de carga na asa da aeronave e eliminou a fuselagem (corpo do avião). A equipe acredita que essa configuração diminui o arrasto aerodinâmico e permite melhor controle do avião em vôo. "Nosso desafio é aumentar a resistência estrutural da asa, pois quase toda força que atinge o avião ocorre praticamente em apenas uma estrutura", conta Françoá Horn, capitão da equipe, que constrói as estruturas com materiais como plástico reforçado com fibra de carbono e espumas de PVC, mais leves e resistentes. A aeronave pesa 2,5kg e tem capacidade de carregar até 11kg de carga útil.

A equipe Fênix, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também optou por um avião sem fuselagem, por considerar que é tendência da indústria integrar o corpo do avião à asa. "Com este perfil, a nossa aeronave deve voar bem e ter boa aerodinâmica e sustentação", acredita Roberson Roberto Parizotto, capitão da equipe, que espera concluir o projeto com peso de 2,7kg e capacidade de carga de até 8kg. A UFPR também será representada pela equipe X-Gooze.

Materiais

No Rio Grande do Sul, as equipes também buscam alternativas eficientes para obter aeronaves leves. É o caso da equipe Minuano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que projetou um avião com fuselagem, mas na estrutura aplicou tubos de plástico reforçado com fibra de carbono ao invés de madeira. Uma novidade no avião é o compartimento de carga instalado na parte de trás para agilizar a retirada de material.

Para Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign expõe o potencial dos futuros engenheiros aeronáuticos brasileiros, que já conquistaram diversos títulos na competição internacional, realizada nos EUA. "Neste ano, mostramos de novo para o mundo a capacidade de nossos futuros engenheiros para desenvolver projetos inovadores no setor aeronáutico", afirma Fistarol, ao se referir à equipe EESC-USP OPEN, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, que se sagrou campeã da Classe Aberta na SAE Aerodesign East Competition, em maio.

Competição

Reunidos em São José dos Campos de 4 a 7 de outubro próximo, os aviões serão submetidos a uma bateria de avaliações em duas etapas distintas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, em atendimento ao Regulamento da Competição, disponível no site da SAE BRASIL (www.saebrasil.org.br). Ao final, as duas equipes da Classe Regular e a primeira da Classe Aberta que obtiverem a maior pontuação poderão representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition 2008, competição equivalente promovida nos EUA pela SAE International, sociedade que deu origem à SAE BRASIL e da qual esta é afiliada.

Na competição norte-americana as equipes brasileiras acumulam, desde 2001, histórico de relevantes participações, incluindo o título de campeão na Classe Aberta e campeão na Classe Regular, em duas e três oportunidades respectivamente.

Os aviões se dividem em duas categorias: Classe Regular, projetados exclusivamente por alunos de graduação, com dimensões máximas definidas por um sólido com diagonais de 2,4m x 2,8m e altura de 0,7m, e usam motor padrão de 10 cm3; e Classe Aberta, projetados sem restrições dimensionais, desenvolvidos também por alunos de pós-graduação, e com motor de até 15cm3. Na Competição de Vôo, todos os aviões devem percorrer no máximo 61m para decolar e 122m no momento do pouso.

Iniciativa da Seção Regional São José dos Campos da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais instituído pela SAE BRASIL, cujo principal objetivo é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeroespacial entre estudantes e futuros profissionais deste importante segmento da mobilidade, através de aplicações práticas e da competição entre equipes.

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