Tubo de polietileno reduz perdas no sistema de abastecimento de água tratada

Programa da SABESP, em parceria com o governo japonês, tem renovado a infraestrutura existente por tubulações PEAD, em bairros da capital paulista

Para as companhias de fornecimento de água tratada, um dos maiores desafios é a redução de perdas no sistema de abastecimento. Uma das soluções encontradas e que já está sendo utilizada é a implantação das tubulações em PEAD que é considerada a principal variação do polietileno e de extrema importância entre todos os polímeros plásticos existentes. O material possui qualidades relevantes como, estanqueidade e resistência à corrosão, tem flexibilidade e é menos suscetível a danos causados por oscilações extremas, como vibração e choques. Além disso, por ser fundamental no combate às perdas, por consequência, também colabora com a preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente.

Com o objetivo de adotar as melhores práticas em gestão de perdas, a Companhia de Abastecimento e Saneamento do Estado de São Paulo (SABESP) implantou um programa, em parceria com o governo japonês, por meio da sua Agência de Cooperação Internacional (JICA – Japan International Cooperation Agency), que tem renovado a infraestrutura existente com a substituição por tubos de PEAD, em alguns bairros da capital paulista.

Segundo o gerente do departamento de Gestão do Programa Corporativo de Redução de Perdas de Água – TOR, da Sabesp, Alex Orellana, o programa tem proporcionado a transferência de conhecimento utilizada no Japão, país que tem os sistemas de abastecimento com os menores índices de perdas do mundo. “Estão previstos dois tipos de ações para a modernização e renovação da infraestrutura de distribuição de água, ações com a implantação de novas tubulações, macro medidores, válvulas redutoras de pressão, sensores de vazão e pressão, e telemetria para a gestão dessas áreas e ações de renovação da infraestrutura, que compreendem a substituição de tubulações antigas com elevado índice de vazamentos, por novas tubulações. Neste item, escolhemos preferencialmente os tubos em PEAD, devido ao fato de ser o material mais indicado para a utilização em métodos não destrutivos, que são adotados majoritariamente nas obras do Programa de Redução de Perdas da Sabesp, e pelo entendimento de que as características construtivas das redes em PEAD (juntas soldadas e em menor quantidade, comparadas com tubos ponta e bolsa, assim como, peças e conexões soldadas) reduzem a probabilidade de futuros vazamentos, exatamente pelo fato de possuir menor quantidade de pontos vulneráveis”, explica.


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Ainda, de acordo com Orellana, são 760 Km de substituições e 350 Km de implantações de tubos. As obras começaram no segundo semestre de 2017, e a previsão é que estejam concluídas no primeiro semestre de 2021, totalizando 46 obras.

Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE), Mauricio Mendonça de Oliveira, trocar a tubulação existente pelo sistema de polietileno (PEAD) é certeza de garantir as concessionárias a durabilidade do material por um período de, no mínimo, 50 anos, proporcionando eficiência e produtividade. “A associação que eu represento tem soluções para racionalizar o processo construtivo que significa de que maneira a indústria consegue se aproximar cada vez mais da obra e propor recursos que facilitem as suas execuções e a diminuição dos erros na hora da montagem. Atualmente, o polietileno representa 6% da fatia do segmento, porém, daqui uns cinco anos, deverá ser 12% e assim sucessivamente, até chegar em 25%, como acontece em países europeus e asiáticos, que utilizam o PEAD e são referências na diminuição dos índices de perdas no sistema de abastecimento de água tratada”, garante.

O programa já é realizado em alguns dos principais bairros e municípios da região metropolitana de São Paulo. A previsão para conclusão total das obras em todo o estado de São Paulo está prevista para o primeiro semestre de 2021.

Perdas de água no Brasil

Em qualquer processo de abastecimento de água, por meio de redes de distribuição, ocorrem perdas do recurso hídrico e existem dois tipos de perdas: reais, quando o volume inicial de água disponibilizado pelas operadoras é desperdiçado durante o processo de distribuição e aparentes, apesar da distribuição de água atingir o consumidor final, o produto não é cobrado adequadamente, seja por problemas técnicos na medição ou por fraude do consumidor.

O Brasil está no topo da lista dos países com maiores reservas de água. Entretanto, peca na distribuição desse bem. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o índice de perdas na distribuição, a nível nacional, em 2017, foi de 38,3%.

No estado de São Paulo, ainda segundo dados do SNIS em 2017, o Índice de perdas na distribuição foi de 35,3%. Esse é o índice do estado como um todo, incluindo municípios operados e não operados pela Sabesp. O índice de perdas da área operada pela Sabesp em dezembro de 2017, foi de 30,7% e em dezembro de 2018, 30,1%. É importante observar que a Sabesp não opera em todo o estado de São Paulo, atualmente ela é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 367 municípios do estado.


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