Fabricantes de equipamentos de infraestrutura veem avanço em 2018

Expectativa de demanda firme por carnes e melhores condições de financiamento de bens duráveis no setor devem estimular pecuaristas a renovar troncos e balanças nas fazendas

O cenário de demanda firme por carne vermelha, perspectiva de aquecimento da economia e queda das taxas de juros no próximo Plano Safra deve favorecer as empresas que vendem itens de infraestrutura para fazendas de pecuária de corte, que apostam em um ano positivo para o segmento.

Depois de dois anos em que as vendas ficaram estagnadas, empresas do segmento apostam em uma retomada e voltam a investir.

A Açôres Balanças e Troncos, de Cambé (PR), espera crescer 30% em 2018 em relação ao ano passado, quando as vendas repetiram os resultados de 2016. “Os produtores estão voltando a investir em infraestrutura. Os meses de janeiro, fevereiro e março foram excelentes e superaram as expectativas”, afirmou ao DCI o diretor da empresa, Gabriel Hauly.

Ele acredita que, diante da perspectiva de aquecimento da economia e dos juros baixos oferecidos pelos bancos em linhas de crédito, os produtores estão mais estimulados a renovar troncos e balanças. “O pecuarista estava deixando a substituição dos itens do curral para mais adiante. Mas com as facilidades para aquisição de equipamentos nas exposições e os juros em baixa, esperamos que os produtores invistam”, projetou o executivo.

Os juros médios para a aquisição desse tipo de equipamento estão na casa dos 7,5% ao ano, disse Hauly, que aposta em condições especiais por parte dos bancos em feiras e exposições para ampliar os negócios neste ano. “E a perspectiva é de que o próximo Plano Safra traga juros ainda menores”, afirmou o diretor.

A presidente executiva da Beckhauser, Mariana Beckhauser, projeta um avanço de 15% no faturamento para este ano. Em 2017, a empresa faturou R$ 20 milhões. No entanto, ela vê o crescimento do mercado com cautela.

“Temos um maior movimento nos pedidos de orçamentos, embora a retomada de vendas ainda não tenha acontecido. Ainda assim, a perspectiva é melhor para este ano do que nos últimos dois”, afirmou Mariana, que assumiu o cargo recentemente no lugar do pai, José Carlos Beckhauser, que passou a presidir o conselho da empresa.


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Segundo ela, as incertezas políticas ainda podem fazer com que os pecuaristas adiem investimentos em bens duráveis, como fizeram nos últimos dois anos. Em 2017, as vendas do segmento sentiram o impacto da Operação Carne Fraca, que colocou em xeque a credibilidade do Brasil como exportador e abalou o mercado. “O atual momento do País afeta o setor, mas acreditamos que a demanda vai aumentar”, disse. A projeção também está amparada na perspectiva que mais pecuaristas optem por projetos sustentáveis, o que pode exigir ajustes no escopo das instalações, por exemplo.

Esses tipos de produtos – troncos de contenção e balanças – têm uma vida útil média de 10 anos, conforme Mariana, dependendo do manejo que o produtor segue e da frequência com que são utilizados nas propriedades.

“Isso também depende do produtor saber dimensionar os equipamentos de acordo com o rebanho e o manejo que utiliza”, observa.

Segundo ela, ainda que a tecnologia empregada nesse tipo de produto venha aumentando de forma significativa, muitos produtores seguem utilizando as mesmas estruturas, que permitem atividades como pesagem e vacinação de animais por mais de 20 anos.

Investimentos

Diante da perspectiva de crescimento do mercado local, as duas empresas farão investimentos neste ano. A Beckhauser investiu R$ 5 milhões em uma nova unidade, na região metropolitana de Maringá, no Paraná. A planta deverá entrar em funcionamento no segundo semestre de 2019 e substituirá a unidade em funcionamento em Paranavaí, também no estado.

O aporte leva em conta essa perspectiva de incremento nas vendas, bem como a intenção de ampliar a participação das exportações na receita da empresa, que hoje representam 5% da receita. “Já exportamos para o Paraguai e estamos negociando o início das vendas para a Bolívia e outros países”, disse Mariana.

A empresa, que tem atuação focada no Centro-Oeste do País, também pretende expandir sua presença no Brasil para os estados do Rio Grande do Sul e de Rondônia, além de fortalecer as vendas em outros estados do Norte.

Já a Açôres pretende ampliar o número de pontos de venda neste ano. A fabricante quer chegar ao Rio Grande do Sul e ao Pará, e já atua no Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

“Também investimos na modernização da nossa fábrica em Cambé para aprimorar a qualidade dos produtos”, acrescentou Hauly.