Honda entra no jogo do carro autônomo

Protótipo de carro autônomo da Honda roda em testes no centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa no Japão

Em seu novo plano estratégico até 2030 divulgado esta semana no Japão, a Honda mostrou que entrou para valer na corrida pelo carro autônomo, com demonstrações de dois protótipos desenvolvidos em casa, dentro do centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa em Tochigi, capazes de rodar em autopistas e ruas simuladas de cidades sem que o motorista precise conduzir o volante, trocar de marchas ou pisar no acelerador e freio. “Vamos começar a perceber as tecnologias de direção autônoma nas estradas a partir de 2020, e então vamos usá-las nas cidades. Mais adiante ainda, trabalhamos para oferecer até 2025 modelos autônomos nível 4 (em que o motorista pode ser chamado a assumir a direção)”, avalia o CEO global da Honda, Takahiro Hachigo. 

Desde outubro do ano passado a Honda intensificou suas pesquisas com carros autônomos, com a criação de uma equipe dedicada a desenvolver esses veículos. “Não estamos tão avançados, nem tão atrasados”, afirma Kuminichi Hatano, engenheiro-chefe do de desenvolvimento do departamento de carros autônomos. “Já oferecemos diversas funções de auxílio ao motorista. O maior desafio agora é o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento das diversas situações de tráfego”, acrescenta Hatano. 

Para isso a Honda está desenvolvendo dentro de casa um sistema de inteligência artificial que, por meio de câmeras, reconhece as situações de trânsito, aprende e guarda na memória. No atual estágio o sistema é capaz de predizer até que direção pretende tomar um pedestre por meio da análise de seus gestos e posição da cabeça. Para a engenharia da Honda, os sistemas de direção autônoma baseados até agora em regras pré-estabelecidas são incapazes de responder a situações não previstas, especialmente no caos do trânsito urbano. Já a rede neural artificial que está sendo desenvolvida pela fabricante japonesa, por meio de modelos numéricos, tem as mesmas características da mente humana e tem a habilidade de tomar decisões como um humano, com base em observação e experiência adquirida. 


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“Os anos de pesquisa da nossa área de robotização ajuda bastante a levar adiante esse desenvolvimento”, destaca Hatano, referindo-se ao departamento que em 2000 apresentou o Asimo, um robô com características humanas que segue em desenvolvimento e dá shows todos os dias no Honda Collection Hall, o museu da marca dentro da área do autódromo de Motegi, no Japão.

Segundo Hatano, a Honda vem mantendo conversas com fornecedores que também vêm desenvolvendo sistemas de direção autônoma, mas ainda não existe nenhuma parceria fechada nesse sentido. Ao que parece, a empresa quer ter domínio total da tecnologia, por considerá-la estratégica para sobreviver em um futuro próximo no qual a maioria dos fabricantes pretende oferecer carros autônomos. 

A Honda atualmente testa dois protótipos autônomos, um que roda em torno dos 100 km/h na pista que simula uma rodovia e outro que percorre a até 40 km/h as ruas internas do centro de pesquisa, em simulação às vias de uma cidade. Equipados com câmeras, radares, sensores infravermelhos (LiDAR) e diversas centrais computadorizadas de gerenciamento redundante, ambos os carros são capazes de reconhecer o ambiente ao redor e dirigir sem o motorista, que em velocidades mais baixas pode até assistir TV ou fazer telefonemas. As câmeras reconhecem as cores no chão e assim mantém o veículo na faixa correta de rodagem. Na estrada, o protótipo já é capaz até de decidir e fazer ultrapassagens. 

O sistema desenvolvido pela empresa, no entanto, não permite o desligamento total do humano atrás do volante, que em velocidades mais altas é monitorado e, em caso de necessidade, é chamado a assumir a direção por meio de luzes que piscam no volante e vibrações do cinto de segurança.