Dólar tem leves variações sobre o real, com cena política e Fed

O dólar trabalhava com leves oscilações ante o real nesta quarta-feira (15), com os investidores à espera da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, mas sem deixar de lado a cena política local.

Às 10:25, o dólar recuava 0,19 por cento, a 3,1633 reais na venda, depois de ter fechado em alta de 0,54 por cento e perto de 3,17 reais na véspera. O dólar futuro tinha leve baixa de cerca de 0,20 por cento.

"O mercado está esperando o comunicado, a entrevista da (chair do Fed, Janet) Yellen e, mais que isso, as projeções. Tudo ajudará a entender se o banco central norte-americano pode ampliar o número de altas de juros este ano", afirmou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

O Fed deve elevar a taxa de juros pela segunda vez em três meses nesta tarde, encorajado por dados mensais fortes de emprego e pela confiança de que a inflação está caminhando para sua meta.

A atenção, no entanto, estava voltada para a possibilidade de o Fed sinalizar ritmo ainda mais rápido de aperto monetário este ano do que as três altas que projetou em dezembro.

O resultado da reunião sai às 15:00 (horário de Brasília) e, em seguida, haverá entrevista coletiva de Yellen.

A ferramenta FedWatch do grupo CME indicava 93 por cento de chances de o Fed elevar os juros agora, além de apostas majoritárias de mais altas em seguida.

Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.

O cenário político brasileiro também estava no radar dos investidors, após a divulgação da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na véspera e pela qual faz 83 pedidos de abertura de inquérito contra políticos detentores de mandato, com base nos acordos de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht com a operação Lava.

Entre os alvos de pedidos de inquérito, de acordo com reportagens publicadas após o envio da dos pedidos, estão os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), além dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).


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"O principal impacto é ela (lista) ter saído num momento em que estamos tentando aprovar as reformas. Muitos parlamentares, mais preocupados em se sustentar no cargo, podem votar contra pensando nas eleições do ano que vem", acrescentou Faria Júnior.

O Banco Central continuava fora do mercado de câmbio, sem anunciar qualquer tipo de intervenção para esta sessão, por enquanto. Ainda havia no mercado expectativa sobre o que o BC fará com os swaps tradicionais que vencem em abril, equivalente a 9,711 bilhões de dólares, se fará alguma rolagem ou não.