Foton: chineses estudam investir R$ 200 milhões para nacionalizar SUVs

Produção aconteceria na fábrica que será construída em Guaíba (RS).

A matriz da Foton na China estuda fazer investimento próprio no Brasil com o objetivo de produzir localmente as linhas de utilitários esportivos e de vans da marca. A operação aconteceria em parceria com a Foton Aumark do Brasil (FAB), empresa brasileira que tem os direitos de importação e produção da gama de caminhões leves da companhia. Dessa forma, todas as linhas ficariam concentradas na planta que a FAB deve começar a construir em Guaíba (RS). 

“Seríamos nós e a Foton China no mercado nacional, da mesma forma como acontece com a Hyundai e a Caoa”, exemplifica Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do conselho da companhia no Brasil, onde investe R$ 250 milhões na operação. Do total, R$ 160 milhões são para a construção da fábrica, que tem inauguração prevista para o início de 2017. O restante é aplicado no desenvolvimento e adaptação dos caminhões leves para as necessidades locais.

Mendonça de Barros confirma que a nacionalização das linhas de SUVs e de vans da marca chinesa demandará aporte adicional, mas afirma que o valor ainda não foi definido. “Estimamos que sejam necessários R$ 200 milhões para localizar a produção e adaptar os veículos ao gosto brasileiro”, revela. “Nós já recebemos os primeiros modelos para teste no Brasil. Faremos um trabalho de engenharia para adaptar às necessidades locais e acreditamos que dentro de dois anos eles já poderão ser feitos aqui”, calcula o executivo. 

Plano de globalização 

Apesar da indefinição sobre o investimento, Mendonça de Barros dá a produção dos novos produtos como certa. Na quinta-feira (10), comunicado distribuído pela Foton Brasil confirmou o cronograma para a construção da planta em Guaíba e apontou que a fábrica abrigaria as linhas de montagem de vans e SUVs. Na ocasião a empresa anunciou ainda a parceria com a Agrale, que vai montar os caminhões da marca chinesa já neste ano até que a operação própria fique pronta.


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Com a parceria, a empresa antecipa a nacionalização dos caminhões e ameniza o peso da valorização do dólar. Além disso, a estratégia é necessária para que a companhia cumpra o compromisso firmado com o governo brasileiro quando se habilitou ao Inovar-Auto. O regime automotivo dá desonerações e condições especiais para empresas com planos de investimento para o Brasil. 

Mendonça de Barros admite que a mudança no cenário econômico brasileiro afetou as atividades da Foton no Brasil. Ainda assim, para ele, isso não altera os planos. “O País sempre passou por ciclos assim e depois voltou ao crescimento. Já vivi isso umas quatro vezes”, conta o executivo, que foi presidente do BNDES entre 1995 e 1998. Ele aponta que a matriz chinesa da empresa também entende que a situação é passageira e enxerga o Brasil como uma das chaves de sua internacionalização. 

“Eles estão colocando os pés na Índia, na Rússia e aqui, que é um mercado mais exigente com qualidade e por isso pode ser ainda mais valioso dentro da experiência global”, avalia. Ainda que mantenha o otimismo sobre a situação econômica, o presidente da Foton Brasil reconhece que a situação é pior para o setor de veículos comerciais. “Vivíamos uma bolha causada pela oferta de crédito subsidiado que estourou.” Para ele, só na próxima década o Brasil alcançará novamente o patamar recorde de 2011, quando as vendas de caminhões passaram de 170 mil unidades. “Isso só deve acontecer entre 2021 e 2022”.