Foton confirma fábrica no RS e aluga Agrale

Antes de abrir a planta própria em 2017, vai montar caminhões em Caxias.

Após aprovar empréstimo de R$ 65 milhões junto ao BNDES, o plano da operação brasileira da Foton Caminhões enfim dá sinais de evolução. A companhia anunciou na quinta-feira, 10, novo prazo para a inauguração de sua fábrica local em Guaíba (RS). Agora a expectativa é de que a unidade comece a operar no primeiro semestre de 2017. Mas ante disso a empresa vai começar a montar seus caminhões no Brasil em parceria com a Agrale, na unidade 2 da fabricante em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. 

A aliança fechada entre as duas empresas prevê que a fabricante brasileira se responsabilize por toda a operação, desde o recebimento de componentes até a entrega do produto final pronto para embarque, passando por montagem e controle de qualidade. Na unidade 2 já são feitas as linhas de caminhões Agrale A, S e LX, além de chassis de ônibus e os utilitários 4x4 Agrale Marruá. Dessa forma, não será necessário fazer grandes adaptações para montar a família de veículos da marca chinesa. A Agrale já havia alugado em 1997 o mesmo espaço para a International, que em 2012 se mudou para uma planta própria em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, que está ociosa atualmente com a interrupção da produção de caminhões em outubro passado e também negociava com a Foton uma possível parceria. 

A Agrale aponta que o negócio com a Foton traz benefício para as duas empresas ao melhorar a utilização de sua estrutura fabril em Caxias e antecipar a nacionalização dos caminhões leves da fabricante chinesa.

Construção da fábrica

Ainda que o momento econômico seja desfavorável, a Foton garante que não desistiu de estabelecer a sua estrutura própria no Brasil, cuja instalação deve evoluir paralelamente à montagem em parceria com a Agrale. O BNDES aprovou empréstimo de R$ 65 milhões de reais para viabilizar a obra. A empresa decidiu ainda ampliar o projeto e adicionou ao protocolo de intenções assinado com o governo do Rio Grande do Sul o plano de produzir localmente a linha de vans e de SUVs da Foton, além dos caminhões leves que já estavam previstos. 


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A estratégia é curiosa diante do cenário de contração das vendas de carros de passeio e, principalmente, de veículos comerciais. “Acreditamos tanto no extraordinário potencial do mercado brasileiro como na incrível capacidade de retomada de crescimento econômico tão logo os empresários observem sinais de estabilidade”, declarou em comunicado Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do conselho da Foton brasileira. 

O financiamento obtido com o BNDES integra o aporte de R$ 250 milhões que sustenta o plano da empresa para o mercado brasileiro. Deste total, R$ 160 milhões irão para a construção da fábrica e o restante será destinado a uma nova área de desenvolvimento de produtos. Com 190 mil metros quadrados de área construída, a planta terá capacidade para fabricar 20 mil caminhões por ano. 

“O terreno está pronto agora para receber as instalações industriais. Além disso, já temos os primeiros veículos da série pré-operacional, com elevado grau de componentes nacionais aprovados nos testes exigidos pelas autoridades”, garante Mendonça de Barros.

Plano antigo 

Antes de anunciar o novo panorama para o negócio da Foton no Brasil, Mendonça de Barros participou de reunião no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nos últimos dias e apresentou o projeto ao governo federal. Dessa forma, o executivo garantiu que o programa se mantenha dentro do escopo do Inovar-Auto, regime automotivo que impõe adicional de 30 pontos porcentuais de IPI aos produtos de empresas não inscritas no programa.

O projeto de operação nacional da Foton já é antigo. A operação comercial da empresa no Brasil começou em 2011 e desde então existe o plano de produzir localmente. Inicialmente o objetivo era inaugurar a fábrica em 2014, mas houve atraso e a segunda data anunciada foi o início de 2016.

Nesse período a empresa chegou a nomear os 34 fornecedores locais que garantirão os 65% de nacionalização que a Foton promete para os caminhões feitos no Brasil. Entre os parceiros do projeto estão Cummins (motores), ZF (transmissão), Knorr (conjunto de freios), Sachs (embreagens), Maxion (chassis e rodas), Dana (eixos e cardan), Voss (conexões), Pirelli (pneus), Monroe (amortecedores), Bepo (tanque de combustível), Rassini (feixes de mola), Heliar (baterias) e ThyssenKrupp (barras estabilizadoras).


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