Dólar opera acima de R$ 4, maior cotação desde a criação do Plano Real

Após fechar a R$ 3,97 na véspera, moeda avança nesta terça-feira com investidores monitorando a crise política no País e a visita da agência de classificação de risco Fitch.

O dólar comercial opera acima dos R$ 4 nesta terça-feira (22), com os investidores monitorando os desdobramentos da crise política no País, no que está sendo considerado o "dia D" para o governo. Na pauta está a apreciação pelo Congresso Nacional de vetos da presidente Dilma Rousseff. Caso venham a ser rejeitados, o ajuste fiscal e a governabilidade sentirão um forte baque. Na véspera, a moeda encerrou as negociações aos R$ 3,977, após bater a máxima de R$ 3,997.

Às 11h, a moeda operava em alta e avançava 1,48%, aos R$ 4,036. Na máxima, chegou aos R$ 4,052, a maior cotação desde a criação do Plano Real, em 1994. Até hoje, o dólar só havia se aproximado desse patamar em 10 de outubro de 2002, às vésperas da primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta data, as negociações intraday registraram a cotação de R$ 4, mas o dólar fechou o dia cotado a R$ 3,99.

No radar do mercado financeiro está a visita da agência de classificação de risco Fitch - técnicos têm agenda com o ministro da Fazenda Joaquim Levy, em Brasília, para avaliar a situação econômica do País. Rumores de um novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil já fizeram o dólar acelerar na sexta-feira, quando a moeda fechou a R$ 3,95.
Atualmente, a classificação do Brasil pela Fitch é BBB, com perspectiva negativa. Nesse patamar, a nota de crédito do País está dois níveis acima do temido grau especulativo, rótulo dado a países em que é mais arriscado investir, na visão das principais agências.

Pela classificação da Standard & Poor's, o Brasil já pertence a esse grupo. Pela Moody's, a nota do Brasil é Baa3 - um nível acima do grau especulativo -, com perspectiva estável, o que indica que a possibilidade de rebaixamento não é considerada no curto prazo. 


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Sem o grau de investimento (uma espécie de selo de bom pagador), os financiamentos ficam mais caros, uma vez que a desconfiança do mercado aumenta. Além disso, fundos estrangeiros exigem essa certificação de pelo menos duas agências para aplicar recursos em outros países. 

Bolsa

Na mesma faixa horária, o Ibovespa operava em queda de 1,37%, aos 45.953 pontos, também com a crise política e a alta do dólar no radar. Na véspera, o principal índice de ações da Bolsa fechou em baixa de 1,43%, aos 46.590 pontos.