Mesmo com intervenção do Banco Central, dólar sobe e encosta em R$ 4

Movimento de valorização do dólar é influenciado por piora das projeções econômicas, crise política e indicações de que o banco central dos EUA pode subir o juro ainda em 2015.

O dólar comercial negociado no mercado à vista tem novo dia de alta nesta segunda-feira (21), em meio a um cenário econômico e político turvo no Brasil. A moeda abriu em queda, passou a subir, voltou a cair e ainda pela manhã renovou máximas. Chegou à cotação de R$ 3,993 (alta de 1,09%) a reboque da valorização da moeda americana no exterior e num movimento especulativo. 

Logo cedo, o dólar e os juros dos Treasuries (títulos do governo dos Estados Unidos) subiram fortemente, após o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Saint Louis, James Bullard, afirmar, em entrevista à emissora CNBC, que já estava na hora de elevar os juros nos EUA e que há um "forte argumento" a favor disso. Outros dirigentes regionais discursaram no fim de semana nessa mesma linha.

Às 12h15, o dólar à vista subia 1,04% a R$ 3,991. Nos leilões de linha realizados na manhã de hoje pelo Banco Central, no entanto, a cotação de recompra pela instituição em abril e junho do ano que vem já supera a marca de R$ 4,30. Além da perspectiva de alta para o futuro também há uma espécie de juro embutida na transação e que é acrescida ao valor de venda de R$ 3,976700 da Ptax da manhã desta segunda-feira.

Pela manhã, o Banco Central realizou dois leilões de venda de dólares conjugados com leilões de recompra da moeda estrangeira, denominados leilões de linha. Foram ofertados até US$ 3 bilhões distribuídos, a critério do BC, nas duas operações. No leilão "A", com recompra em 4 de abril de 2016, a taxa de corte ficou em R$ 4,213980. Já no leilão "B", com recompra em 5 de julho de 2016, a taxa de corte foi de R$ 4,320002.

Esta foi a terceira ação recente do Banco Central para conter a alta volatilidade do dólar vista no mercado. A primeira, foi realizada há cerca de 15 dias, quando a instituição ofertou o mesmo volume de dólares. O mercado, no entanto, só teve apetite para US$ 300 milhões. A segunda vez foi no dia seguinte ao anúncio de rebaixamento da nota do Brasil pela agência de classificação Standard & Poors, num valor menor, de US$ 1,5 bilhão. 


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Crise

A confirmação pelo IBC-Br de julho (queda de 0,02%) de que a atividade está contraindo - ainda que menor que a mediana (queda de 0,25%) esperada pelos analistas ouvidos pela Agência Estado - é um dos fatores no radar do mercado.

No relatório de mercado Focus, a projeção para o câmbio em 2016 subiu para R$ 4. Para 2015, a expectativa para a taxa de câmbio ao fim do ano subiu de R$ 3,70 para R$ 3,86 - nível aquém do fechamento da última sexta-feira, quando o dólar fechou cotado a R$ 3,9500. Há quatro semanas a expectativa era de encerrar o ano em R$ 3,50.

Bovespa

A Bovespa opera com volatilidade nesta segunda-feira em meio a um farto noticiário ruim. A leitura é de que o IBC-Br veio melhor do que o esperado mas confirmou o quadro de retração da economia brasileira. Às 12h15, o Ibovespa subia levemente (+0,15%) aos 47.335 pontos. A alta, entretanto, não demonstra ter fôlego. Desde a abertura, o principal índice da bolsa brasileira oscilou entre pequenas altas e pequenos recuos. (Colaborou Célia Froufe)


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