Dólar se aproxima de R$ 3,90 com saída de fundos estrangeiros

Mercado de câmbio ainda reage à perda do grau de investimento do Brasil pela S&P; ações da Petrobrás e do setor financeiro caem e puxam Ibovespa para baixo.

O dólar voltou a se aproximar de R$ 3,90 na sessão desta sexta-feira (11), ainda repercutindo o rebaixamento da nota do Brasil para grau especulativo pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. Mais cedo, a moeda chegou a cair em meio a um movimento de realização de lucros, mas a cautela dos investidores com a situação econômica do Brasil logo voltou a pautar as negociações. Por volta das 12h20, o dólar subia 0,60%, a R$ 3,885, depois de bater R$ 3,893 na máxima.

Segundo o diretor da Correparti, Jefferson Rugik, o mercado de câmbio volta a estressar com compras por fundos estrangeiros que, por estatuto, precisam deixar o País após a perda do grau de investimento da S&P. Segundo ele, há também apreensão com a possibilidade de uma segunda agência de risco retirar o grau de investimento do País (Fitch ou Moody´s), o que poderia desencadear um movimento mais forte de saída de recursos de fundos estrangeiros, pressionando mais o dólar. 

Após alcançar ontem o maior valor em quase 13 anos, de R$ 3,8620, numa resposta ao rebaixamento da nota do Brasil pela agência Standard & Poor's (S&P), o dólar à vista no balcão abriu a sessão de hoje em baixa. Inicialmente, o recuo foi influenciado por realização de lucros, fluxo de entrada de exportadores e ajustes diante dos sinais mistos da moeda no exterior. Além disso, notícias sobre as tentativas do governo de anunciar cortes de gastos e de pessoal, no sentido do ajuste fiscal, contribuíram para o alívio.

Ontem, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que a presidente Dilma Rousseff colocará em prática a partir de hoje uma reforma administrativa que tem por objetivo cortar gastos e dar mais eficiência à gestão. Mas nesta sexta-feira o governo ainda não fez nenhum anúncio. Ao mesmo tempo, o risco de as agências Fitch e Moody's seguirem o mesmo caminho da S&P também está no radar. 


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No mercado internacional, a cautela predomina diante das persistentes incertezas sobre a reunião de política monetária do Federal Reserve, na próxima semana (dias 16 e 17). Os investidores também aguardam dados da China previstos para o fim de semana, até porque a desaceleração da China é o principal fator que apoia a diminuição das apostas no início da alta de juros pelo BC dos EUA agora.

Bolsa

A Bovespa abriu em leve queda, oscilou entre os sinais negativo e positivo e, depois da abertura das bolsas em Nova York, aprofundou a perda. A pressão negativa é exercida, principalmente, pelos papeis da Petrobrás e de bancos, rebaixados ontem pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. A ação de rating aconteceu a reboque do rebaixamento da nota soberana do Brasil.

Por volta das 12h, o Ibovespa caía 0,29% aos 46.637 pontos. As ações ordinárias da Petrobrás caíam 3,11% e as preferenciais, 3,64%. No setor financeiro, os papéis do Banco do Brasil perdiam 1,42% e do Itaú Unibanco, 1,33%. (Karla Spotorno, Renata Pedini e Silvana Rocha, da Agência Estado) 


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