Brasil fecha acordo automotivo com a Colômbia

Tarifa de importação será zerada para uma cota entre 12 mil e 13 mil veículos por ano e pode aliviar saturação das fábricas no Brasil.

Em mais uma frente para melhorar os resultados do ano num cenário de crise, o governo deve anunciar na próxima semana os termos de um acordo automotivo com a Colômbia. A tarifa de importação será zerada para uma cota entre 12 mil e 13 mil veículos por ano, disse uma fonte ao Estado. O número deve ser fechado entre os dois governos durante reunião em Brasília dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Cecilia Álvarez.

"Hoje, para um carro entrar no mercado colombiano, paga 16% de tarifa de importação. Você não concorre", afirmou Monteiro Neto. "Doze mil ou um número acima disso (como cota) já seria bom", disse o presidente da Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.

A Colômbia é o terceiro maior mercado da América do Sul e pode significar um alívio para o setor nesse momento de queda nas vendas no mercado doméstico e encolhimento no comércio bilateral com a Argentina. "É um mercado extremamente importante e fundamental para as nossas exportações", afirmou Moan.

A demanda na Colômbia gira em torno de 300 mil veículos por ano e o País ainda tem uma indústria automotiva em desenvolvimento, com capacidade de produção de 120 mil unidades. A expectativa das montadoras brasileiras é conseguir aumentar as vendas para a Colômbia com a redução do custo - com a retirada da tarifa de importação - e câmbio em outro patamar.

Monteiro Neto disse que, diante da crise na indústria de veículos, o governo está em diálogo permanente com o setor, mas não tem no horizonte ações que impliquem em custo financeiro para os cofres públicos. "Medidas que tenham impacto fiscal nessa hora não há condições de poder fazer, de forma que você pode ter custos adicionais para o processo de ajuste", afirmou.


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Ele disse que estão em discussão medidas como facilitação de financiamentos para a cadeia de autopeças e apoio à exportação de veículos pesados, além de outros acordos comerciais com países como o Uruguai e o Peru.

O ministro admite, no entanto, que essas negociações não são suficientes para resolver os problemas do setor no curto prazo. "Você não faz canais de exportação do dia para a noite. Olhando um horizonte de 2016 por exemplo, é algo muito importante", afirmou.

Para Monteiro, o Brasil tem capacidade de voltar a exportar os 800 mil veículos anuais registrados em 2007 e 2008, antes de o mercado doméstico passar a consumir quase toda a produção nacional. Neste ano, as vendas ao exterior de veículos não passam de 220 mil. "Se temos plantas modernas, produtos de classe mundial e um câmbio mais amigável, pode ser que a plataforma brasileira seja melhor para atender o mercado 'X' do que outra plataforma."

Mercosul

O ministro defende mudanças no Mercosul, mas disse que o bloco é indissolúvel. Na quinta-feira, depois de reunião com Monteiro, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou atrás na intenção de acabar com o bloco comercial, que havia sido incluída na agenda de medidas defendidas por ele.

"O Senado tem total prerrogativa de discutir naquilo que é melhor para o País. Agora, eu sempre digo que o Mercosul é um casamento indissolúvel ainda que você tenha que discutir a relação sempre. Ninguém revoga um mercado regional, ninguém revoga a geografia", afirmou.

Para Monteiro, no entanto, é importante debater a reforma do bloco, o que é defendido inclusive por candidatos à presidência da Argentina. "Discutir mudanças é algo natural, mas não que se traduza nessa ideia de acabar com o Mercosul", concluiu.