Lifan se adapta ao mercado retraído

Chinesa investe R$ 3,5 milhões no Sul e amplia centro de peças do Sudeste.

Apesar da queda de mercado que reduziu em quase 30% a procura pelo utilitário esportivo X60, o carro mais vendido da Lifan, a fabricante chinesa instalada no Brasil ainda investe no País: “Inauguramos há cerca de dois meses um PDI maior em Itajaí (SC), com capacidade para receber 6 mil carros”, afirma o diretor de marketing da empresa, Luiz Zanini (SC).

A sigla PDI vem de Pre Delivery Inspection, um pátio de 50 mil metros quadrados onde os Lifan montados no Uruguai ficam armazenados antes de seguir para a rede, atualmente com 57 concessionárias no Brasil. “Ele serve como um ‘pulmão’ e nos permite ter em estoque modelos, versões e cores diferentes com menor preocupação quanto à taxa cambial”, diz Zanini. Segundo o executivo, a Lifan investiu R$ 3,5 milhões no local e ainda há mais R$ 1 milhão previsto para as instalações. 

A empresa também vem ampliando o centro de distribuição de peças, inaugurado em novembro de 2013 na cidade de Salto (SP) com investimento de R$ 750 mil. “Ele foi aumentado de 3,5 mil para 4 mil m² e receberá um mezanino para ampliar a capacidade interna”, afirma o diretor de pós-venda, Carlos Tavares. É como se a companhia oriental e seu proprietário, o sr. Yin Mingshan, enxergassem o Brasil como uma grande lagoa que deve ser cevada aos poucos e com paciência porque um dia a pesca será graúda. 

Mas nem tudo é filosofia ou comemoração. Dos 7 mil veículos estimados para 2015 a empresa só vendeu 2.925 até julho. A picape Foison teve menos de 600 unidades emplacadas de janeiro a julho deste ano: “Falta crédito para o consumidor desse modelo. De cada dez propostas, apenas duas são aprovadas”, afirma Zanini. 

Sobre a baixa procura pelo sedã pequeno LF 530 (644 unidades licenciadas até julho) ele diz: “O cliente desse modelo é muito conservador. Ele tem poucos recursos, não pode errar. Ao mesmo tempo este é um segmento muito concorrido”, diz Zanini. O LF 530 tem preço sugerido de R$ 41.990 e acaba disputando mercado com modelos consagrados e com grande rede de revendas como o Chevrolet Classic, que tem ar-condicionado e direção hidráulica de série por R$ 33,6 mil.


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O baixo desempenho de vendas acabou atrasando a chegada do novo utilitário esportivo X50, mostrado no Salão do Automóvel de 2014.

Durante o evento ele foi prometido para 2015, mas o diretor comercial, Jair de Oliveira já o empurrou para o fim do primeiro semestre de 2016.

Com o mercado brasileiro encolhido, a produção da Lifan deve permanecer no Uruguai durante algum tempo: “O volume atual não nos permite pensar em fabricar no Brasil em curto prazo”, afirma o diretor-geral da empresa para o Brasil, Huang Zhen.