Mercedes-Benz diz que vai demitir em 1º de setembro

Empresa informa sindicato sobre o esgotamento de medidas para gerenciar ociosidade.

A Mercedes-Benz anuncia que fará demissões em 1º de setembro em sua fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, responsável pela produção de caminhões, chassis de ônibus, motores, eixos e transmissões. A montadora comunicou oficialmente a medida ao sindicato local na sexta-feira (7), ao mesmo tempo em que anunciava a licença remunerada para os 7 mil trabalhadores das linhas de produção, que se estende até o dia 21 deste mês.

Em nota, a montadora diz que tal ação é resultado do esgotamento das medidas adotadas ao longo deste ano para gerenciar o excesso de mão de obra na unidade, calculado em 2 mil pessoas, e que atualmente está com índice de ociosidade superior a 40%. No entanto, a Mercedes-Benz não especificou quantas demissões pretende realizar no próximo mês. A medida é válida apenas para a unidade de São Bernardo do Campo (SP), sem alteração nas unidades de Juiz de Fora (MG), onde a empresa produz os modelos Actros e Accelo, ou mesmo a de Campinas (SP), responsável pela linha de remanufaturados Renov.

A empresa informa ainda que, na semana anterior ao anúncio das demissões, os trabalhadores rejeitaram uma proposta na qual a Mercedes-Benz oferecia um acordo de redução de trabalho e de salários, nos moldes do PPE – Programa de Proteção ao Emprego, lançado pelo governo em julho e que vinha sendo negociada com sindicato antes mesmo da regulamentação do programa federal, mas que foi rejeitada por cerca de 74% dos empregados. 

Por ora, a montadora diz que ainda há possibilidade de adotar o PPE, desde que seja combinado com a aplicação reduzida da inflação na data-base 2016 e outras ações de contenção de custos. Conforme regulamentação do PPE, a redução da jornada de trabalho pode ser efetuada em até 30%, com corte proporcional dos salários pagos pelo empregador com a complementação de até 50% da diferença pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), limitada a R$ 900,84, ou 65% do maior benefício do seguro-desemprego.


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Contudo, segundo o comunicado, a adoção do PPE não amenizará os elevados custos da empresa intensificados pelo aumento da ociosidade verificada no último ano, o que influencia na manutenção dos empregos. Até o momento, o contingente excedente da fábrica vem sendo gerenciado com diversas medidas. Desde meados de 2014, a planta de São Bernardo do Campo adota semanas curtas de produção, folgas, férias coletivas, PDVs (Programas de Demissão Voluntária) e licenças remuneradas. 

Atualmente, está em curso na unidade paulista um PDV desde o dia 14 de julho com validade até o dia 14 deste mês para trabalhadores horistas e mensalistas. 

O cenário é reflexo da queda contundente do mercado de veículos, intensificada pelo segmento pesado durante o acumulado deste ano, cuja retração superou os 43% no fechamento de julho com relação a igual período do ano passado.

O segmento leve também vem apresentando resultados muito abaixo dos volumes do ano passado, resultando também em demissões.