Novos percalços para construção da Ceará Steel

Fonte: Instituto Brasileiro de Siderurgia - 09/07/07

Os sócios da Ceará Steel querem um piso e um limitador de preço para o gás a ser fornecido pela Petrobras para o projeto que prevê a construção de uma siderúrgica, vizinha ao porto de Pecém (CE), voltada à exportação de placas de aço. Esse é o novo impasse que cerca a usina cearense, que tem como sócios a coreana Dongkuk, Vale do Rio Doce e a italiana Danieli. E sem gás o projeto não pode ser levado adiante.

Até agora não há nenhum acordo de preço do gás fechado entre a Petrobras e os sócios da Ceará Steel. O que os sócios preferem é que o preço do gás seja corrigido com base na inflação americana medida pelo PPI (Producer Price Index). E estariam resistindo aos três indicadores propostos pela Petrobras - correção pelo preço internacional do óleo combustível, pelo barril de petróleo WTI (West Texas Intermediate), usado como referência no mercado americano; ou a cotação do gás em Henry Hub, na Louisiana, maior entrocamento de gasodutos dos Estados Unidos, e por isso formador de preços no mercado "spot" daquele país.

O preço do gás para a Ceará Steel estava em cerca US$ 4,90 quando o barril de petróleo WTI custava em torno de US$ 50. Como o petróleo subiu - na sexta-feira o barril para entrega em agosto fechou valendo US$ 72,81 em Nova York, com aumento de US$ 1; para setembro, o preço fechou cotado a US$ 73,15 - esse gás estaria custando hoje cerca de US$ 6,90 por milhão de BTU.

É diante dessa variação (que apenas mostra quanto estaria o preço hoje se o reajuste fosse pelo WTI) que os sócios estariam tentando mudanças no indexador. Umas das propostas seria a de estabelecer um teto vinculado à variação do aço no mercado internacional. Mas isso a Petrobras não aceita, como apurou o Valor.

Na estatal, ninguém comenta o assunto. Principalmente depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao governador do Ceará, Cid Gomes, participar das negociações. O projeto da Ceará Steel, que prevê o uso de gás natural em um processo de redução direta do minério de ferro, também tem oposição do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), que tenta na Justiça liminares para suspender o contrato de fornecimento de gás subsidiado.

O IBS representa as siderúrgicas instaladas e em operação no país. A maioria - umas mais, outras menos - usam gás natural em suas operações e argumentam que pagam um valor bem superior ao que os acionistas da Ceará Steel se propõem à pagar à Petrobras.

Os desentendimentos em torno da siderúrgica incluem até o contrato de suprimento, que os sócios e o governo cearense entendem que existe, enquanto a Petrobras entende que há apenas um termo de compromisso que ainda não evoluiu para a condição de contrato firme.

O projeto da siderúrgica prevê investimento de US$ 800 milhões para produção de 1,5 milhão de toneladas de placas por ano. A maior parte desse volume é para suprir laminações da Dongkuk na Coréia do Sul. A Danieli será fornecedora da tecnologia e
de equipamentos. A Vale levará pelotas de ferro que produz em São Luís, no Maranhão.

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