Metal com memória retorna sempre ao seu formato original

Peças metálicas construídas com a nova liga com memória suportaram 10 milhões de ciclos antes de se quebrarem.

Um novo metal com memória de forma pode ser deformado mais de 10 milhões de vezes e, uma vez após a outra, retornar consistentemente ao seu formato original.

O metal mostrou-se tão resistente que poderá ser usado em corações artificiais, componentes aeroespaciais e permitir o desenvolvimento de uma nova geração de geladeiras de estado sólido e conversores de calor em energia.

O brasileiro Rodrigo Lima de Miranda, atualmente na Universidade de Kiel, na Alemanha, é um dos principais responsáveis pela descoberta da nova liga metálica, feita de níquel, titânio e cobre.

Ligas com memória de forma

As ligas com memória de forma (SMA: shape memory alloys) são misturas de metais que apresentam um efeito térmico de memória: fabricadas num determinado formato, elas podem ser radicalmente deformadas, retornando ao seu formato original assim que forem levemente aquecidas.

O que surpreende no novo material é a sua elevadíssima resiliência, suportando mais de 10 milhões de ciclos antes de apresentar fadiga - as ligas desse tipo disponíveis até agora deixam de funcionar e se quebram após alguns milhares de ciclos.

O que dá memória a essas ligas metálicas é um arranjo dos seus átomos que permite que eles ocupem duas configurações diferentes. No processo de fabricação, eles cristalizam na posição 1, passando à posição 2 quando a liga é deformada fisicamente. Basta então aplicar calor para que o material retorne à posição 1.

Titânio e cobre

Analisando películas muito finas desses "músculos artificiais", a equipe descobriu que a presença de um composto de titânio e cobre (Ti2Cu) melhora a transição de fase que permite que o metal retorne ao seu estado original.

Segundo a equipe, esse composto funciona como uma espécie de "sentinela", suavizando as transições metálicas, o que evita o desgaste e garante que o processo de recristalização que cria o efeito de memória faça com que o metal retorne ao seu formato original de forma completa e precisa.


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A expectativa é que a mesma técnica possa ser aplicada a outras ligas com memória, otimizando a criação de uma série de equipamentos metamórficos, que vão de tampas de combustível de automóveis e sapatos femininos ergonômicos, até aviões futurísticos.


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