Importação de bens de capital cai 12,3% em quatro meses

Considerando máquinas e equipamentos para a indústria em geral, a redução na atividade importadora chega a 15,9% ante igual período do ano passado.

O valor negociado com a importação de bens de capital sofreu uma redução de 12,3% no acumulado de janeiro a abril de 2015, comparativamente ao mesmo período do ano passado, caindo de US$ 16.233,9 milhões para US$ 14.236,7 milhões. Os itens acessórios para maquinaria industrial e máquinas e ferramentas foram os mais impactados, com quedas de 24,3% e 20,2%, respectivamente.

O volume financeiro negociado nesses itens corresponde a US$ 932,2 milhões ante US$ 1.230,8 milhões (acessórios para máquina industrial) e US$ 65,1 milhões ante US$ 82,3 milhões (máquinas e ferramentas). No mesmo período, a importação de partes e peças para bens de capital subiu 2,3 %, movimentando US$ 2.949,2 milhões ante US$ 2.883,9 milhões de janeiro a abril do passado. Considerando-se a importação total de máquinas e equipamentos para a indústria em geral (não só máquinas-ferramenta), a atividade teve queda de 15,9% no primeiro quadrimestre de 2015, comparativamente a igual período de 2014.

Os dados fazem parte do boletim Avaliação e Perspectivas da Economia Brasileira – edição de maio, realizado pelo economista e professor do Insper, Otto Nogami, consultor da ABIMEI (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais). O boletim analisa os dados já consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDic) e Câmara do Comércio Exterior (Camex) até 30 de abril. O documento destina-se à orientação dos importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais associados da Abimei.

O aumento na importação de partes e peças para bens de capital aponta para uso do retrofiting como alternativa à importação de máquinas novas. “A indústria nacional não possui escala que justifique a fabricação de determinados tipos de máquinas e também, muitas vezes, não detém a necessária tecnologia para produzi-los em suas fábricas locais. Sem recursos para adquirir novas máquinas, adota o chamado retrofiting, que é a recuperação de máquinas usadas”, afirma Ennio Crispino, presidente da Abimei.


Continua depois da publicidade


 Baixas sucessivas

A importação de bens de capital vem sofrendo perdas significativas desde 2011, quando apresentou recuperação de 10% sobre o ano anterior. De lá para cá, segundo o presidente da ABIMEI, o ritmo da atividade caiu cerca de 20% em 2012, 20% em 2013 e 7,6 em 2014. Ao mesmo tempo, a produção industrial brasileira teve queda de 2,7% em 2012, pequena alta de 1,2% em 2013 e voltou a cair 3,4% em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram nova piora na atividade industrial em abril. Segundo a última pesquisa de Sondagem Industrial, o índice de evolução da produção ficou em 39,7 pontos (valores abaixo dos 50 pontos revelam queda na produção). A utilização média da capacidade instalada ficou em 67%, 4 pontos porcentuais menos que em abril de 2014. Ao mesmo tempo, os estoques elevaram-se 1,8 ponto acima da linha divisória de 50 pontos (ficou em 51,8 pontos), o que está dentro da margem de erro da pesquisa. Nesse cenário, as expectativas também sofreram abalo: o Índice de Intenção de Investimento atingiu 44,2 pontos, o menor da série histórica, iniciada em novembro de 2013.

Perspectivas

Segundo o economista e consultor da Abimei, Otto Nogami, as importações de bens de capital devem acompanhar o “esfriamento” da economia, chegando a US$ 36 bilhões no volume de negócios, em 2015. Essa queda representa 24,6% em relação ao total negociado em 2014.  O item maquinaria industrial puxa essa tendência, devendo importar menos 37,4% que no ano passado, com movimentando cerca de US% 8,5 bilhões.