Déficit comercial do Brasil em fevereiro é o maior para o mês desde 1980

Importações superam em US$ 2,842 bilhões as exportações mensais; em 2015, balança comercial brasileira acumula resultado negativo de US$ 6,016 bilhões.

A balança comercial brasileira em fevereiro apresentou seu maior déficit para o mês desde 1980 - divulgou nesta segunda-feira (2), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No mês, foi exportado pelo Brasil o volume de US$ 12,092 bilhões. Importações equivalem a US$ 14,934. Dessa forma, o saldo negativo mensal foi de US$ 2,842 bilhões no último mês.

Esse saldo negativo ficou levemente acima do teto das expectativas de mercado, que apontavam para um déficit comercial de US$ 1,500 bilhão a US$ 2,800 bilhões, com mediana negativa de US$ 2,400 bilhões.

No ano, o déficit está em US$ 6,016 bilhões. As exportações somaram US$ 25,796 bilhões em janeiro e fevereiro; as importações, US$ 31,812 bilhões.

Apesar dos números, o MDIC mostra otimismo. O diretor de Estatística e Apoio à Exportação do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Herlon Brandão, disse que, embora a balança comercial brasileira tenha tido o mais déficit para o mês desde 1980, o ministério ainda trabalha com a previsão de um superávit comercial para o ano. No mês passado, a balança fechou com um déficit de US$ 2,842 bilhões.

"Ainda é cedo para rever as expectativas. Ainda temos expectativa de superávit para o ano. Os fatores ainda estão se definindo", disse Brandão.

Segundo ele, a queda nos preços das commodities ainda tem sido determinante para explicar o recuo nas exportações. No caso de fevereiro, houve um atraso nos embarques de soja em relação ao ano passado. Mas, segundo o técnico, esse atraso será normalizado em algum momento para o resultado o ano. "A soja vai ser exportada independente da época do ano", afirmou.

Segundo Brandão, os embarques da soja em grão em 2014 se concentraram no início do ano por questões climáticas, mas esse ano voltou a ter normalidade no cronograma. "Os embarques devem começar mais no meio do ano. Esse ano, a colheita está acontecendo um pouco mais tarde que no ano passado", explicou o técnico.


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Mais números

As exportações brasileiras registraram média diária de US$ 671,8 milhões em fevereiro, queda de 15,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as importações registraram média diária de US$ 829,7 milhões, com retração de 8,1%  As exportações de básicos retrocederam 22,7%, resultado explicado pela venda menor de soja em grão (-72,2%), minério de ferro (-35,7%), carne bovina (-27,5%), minério de cobre (-18,0%) e petróleo em bruto (-5,5%).

Os embarques de manufaturados caíram 11,1% em fevereiro, com destaque para polímeros plásticos (-38,8%), motores e geradores (-25,9%), pneumáticos (-25,0%), máquinas para terraplanagem (-23,8%), açúcar refinado (-19,9%), calçados (-15,3%), motores para veículos (-12,8%), veículos de carga (-12,3%), autopeças (-12,2%), e bombas e compressores (-8,8%). As vendas de automóveis de passageiros subiram 8,3% em relação a fevereiro de 2014.

As exportações de semimanufaturados tiveram queda de 2,3% no mês passado, puxada, principalmente, por açúcar em bruto (-44,6%), ferro-ligas (-17,9%), ferro fundido (-16,0%), couros e peles (-12,7%) e semimanufaturados de ferro e aço (-0,6%). Do lado das importações, houve uma queda de 20,3% em combustíveis e lubrificantes, de 8% em bens de capital e de 6,8% em bens de consumo. As compras no exterior de matérias-primas e intermediários caíram 3%.

Segundo o MDIC, no grupo dos combustíveis e lubrificantes, a retração ocorreu principalmente pela diminuição dos preços e das quantidades embarcadas de petróleo, gás natural, carvão, óleos combustíveis, naftas e gasolina.

No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de máquinas e aparelhos de uso doméstico, produtos de toucador, automóveis de passageiros e partes, objetos de adorno e bebidas e tabaco.

Nos bens de capital, decresceram as importações de equipamento móvel de transporte, máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico, acessórios de maquinaria industrial e maquinaria industrial.

No segmento de matérias-primas e intermediários, caíram as aquisições de acessórios de equipamento de transporte, produtos agropecuários não alimentícios, produtos químicos/farmacêuticos, produtos minerais e produtos alimentícios.