Volkswagen cancela demissões de 800 funcionários, diz sindicato

Fábrica volta a funcionar na próxima segunda-feira (19).

Os trabalhadores da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), no ABC paulista, decidiram nesta sexta-feira (16) encerrar a greve, que entrava em seu 11º dia consecutivo, após a montadora aceitar readmitir os 800 funcionários demitidos no início do ano, afirma o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Após o acordo nas negociações, a fábrica voltará a funcionar na segunda-feira (19).

Toda a produção ficou paralisada enquanto os 13 mil funcionários não trabalharam durante o período, apenas os setores administrativos e de desenvolvimento continuaram. Em nota, a Volkswagen afirmou que como contrapartida terá de readequar o efetivo.

Entre as medidas está um programa voluntário de demissões e a "desterceiração" de funcionários temporários.

Outra medida será a chegada de uma nova plataforma global à fábrica, que atualmente produz Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross. Na segunda-feira (12), uma passeata fechou parte da rodovia Anchieta, que liga o litoral à capital paulista.

De acordo com o sindicato, a montadora também aceitou a proposta de reajuste do salário seguindo o aumento da inflação em 2016.

Em comunicado, a empresa declarou que ambas as partes chegaram a "uma proposta balanceada que possibilitará a adequação da estrutura de custos e efetivo da unidade".

Ainda segundo a fabricante, "o resultado contempla a continuidade dos mecanismos de adequação de efetivo por meio de Programas Voluntários, com incentivo financeiro, e também 'desterceirizações' temporárias para alocação de parte do excedente de pessoal, entre outras medidas. Além disto, assegura a vinda de uma nova plataforma mundial de produto e modelos, solidificando as bases de um futuro sustentável para a Unidade Anchieta”.

Localizada também em São Bernardo do Campo, a Mercedes-Benz foi outra montadora a demitir funcionários no início do ano.


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Greve

O anúncio das 800 demissões na Volkswagen aconteceu na terça-feira (6), dia em que cerca de 11 mil empregados voltavam de uma licença remunerada de quase 30 dias. Em solidariedade aos demitidos, outros milhares de trabalhadores cruzaram os braços, paralisando a produção na planta.

Em nota, a empresa havia atribuido as demissões às condições econômicas. "Em razão do cenário do setor automotivo, diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas desde 2013, como por exemplo férias coletivas, suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off), entre outras. No entanto, todos os esforços não foram suficientes", afirmou a empresa em nota.

Anchieta

A planta na região metropolitana de São Paulo foi a primeira da Volkswagen fora da Alemanha e foi inaugurada em 1959. Com aproximadamente 13 mil funcionários, o local é responsável atualmente pela produção dos modelos Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross.

De acordo com a empresa, a unidade tem um nível de remuneração médio acima dos principais concorrentes, inclusive os que estão instalados na mesma região. "As premissas de reajustes salariais que foram definidas com o objetivo de aumentar a competitividade da Anchieta infelizmente têm distanciado a companhia de suas principais concorrentes (que realizaram reajustes menores com base no cenário dos últimos 2 anos)."

Vendas e produção em queda

No ano passado, as exportações foram prejudicadas com problemas na Argentina. Além disso, o Gol, modelo mais popular do Brasil há 27 anos, perdeu o reinado para o Fiat Palio no ano passado, conforme divulgado pela federação dos concessionários, a Fenabrave, nesta terça. A entidade também divulgou que as vendas de veículos no Brasil caíram pelo segundo ano seguido: em 2014, o recuo foi de 7,15%.

Tudo isto fez com que a produção encolhesse 15%, segundo a Volkswagen. Desde 2012, o governo brasileiro ofereceu incentivos tributários para o setor, por meio de desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em troca, as fabricantes deveriam manter o nível de emprego.

Novo chefe

Desde 1º de janeiro, a Volkswagen do Brasil tem um novo presidente. Após 7 anos na liderança, Thomas Schmall deixou o cargo para assumir um posto no conselho da marca na Alemanha. Quem ocupa o cargo agora é David Powels, que chefiava as operações na África do Sul. Powels já trabalhou no Brasil, de 2002 a 2007, e chegou a exercer a função de vice-presidente de finanças e estratégia corporativa.


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