Anglo American prevê investir US$ 800 mi no Minas-Rio entre 2015 e 2016

A mineradora Anglo American prevê investir 800 milhões de dólares, entre 2015 e 2016, para elevar a capacidade de produção do Sistema Minas-Rio, que começou a produzir minério de ferro recentemente e, ao final, custará menos que o previsto para a companhia.

Os investimentos serão aplicados para que a produção possa ser duplicada para 26,5 milhões de toneladas de ferro por ano, em comparação com o volume projetado para 2015, segundo o diretor-comercial da Minério de Ferro Brasil, Paulo Castellari.

Em entrevista à Reuters, o executivo ressaltou que a implementação completa do Minas-Rio sairá 400 milhões de dólares mais barata que o programado pela Anglo na última estimativa para o projeto, anunciada em janeiro de 2013.

"O projeto original era de 8,8 bilhões de dólares. A gente fechou em 8,4 bilhões de dólares e, dentro desses 8,4 bilhões de dólares, existem 800 milhões de dólares que a gente vai investir em 2015 e 2016", afirmou Castellari.

A economia foi possível graças a um trabalho minucioso de busca por eficiência, que segundo o executivo era necessário para cobrir riscos de um projeto que trazia "530 quilômetros de novidades", medida do polêmico mineroduto do Minas-Rio, o maior do mundo, idealizado inicialmente pelo empresário Eike Batista, de quem a Anglo comprou o sistema.

O mineroduto transporta com o uso de água minério de mina e unidade de beneficiamento da Anglo em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais, até o Porto do Açu, no Estado do Rio.

A concretização do projeto, com primeiro embarque realizado em outubro deste ano, foi comemorado com entusiasmo pela mineradora, que tem procurado deixar claro para os seus acionistas a realização das metas, que precisaram ser duramente revistas após a sua compra, em 2007.

O Minas-Rio vai fechar 2014 com a produção de cerca de 700 mil toneladas de minério de ferro e um total de três embarques, cada um com 80 mil toneladas para clientes na China.


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Para 2015, a empresa planeja produção média de cerca de 13 milhões toneladas de minério de ferro.

“A gente tem bastante produto, mais de 300 mil toneladas no Porto (do Açu), pronto para ser embarcado", frisou o executivo.

Os clientes da Anglo até agora não foram divulgados, devido a cláusulas de confidencialidade comercial, segundo o executivo, que destacou que as próximas vendas do Minas-Rio deverão ser destinadas principalmente a clientes da Ásia e do Oriente Médio. Mas a empresa vai prospectar outras regiões.

"Durante o primeiro trimestre do ano que vem, a gente vai promover o nosso produto e tentar ver a atratividade de vender na Europa também", declarou. Segundo o executivo, a Anglo já tem contratos firmados e volumes que ainda estão sendo alocados.

Preços baixos

O início operacional do Minas-Rio é marcado por um cenário de preços de minério de ferro em queda, em grande parte devido à maior oferta de mineradoras como Rio Tinto, BHP Billiton e Vale.

"Obviamente o preço onde está não nos agrada", afirmou o executivo. "Para nós não é muito agradável passar por tudo que a gente passou e agora a gente chega em uma fase de preço baixo."

Entretanto, Castellari frisou que o Minas-Rio vai produzir por mais 40 ou 50 anos, no mínimo, e que o negócio de mineração é de longo prazo. Além disso, o executivo ainda aposta na demanda futura de países como a China, para urbanização.

"É bem verdade que entrou muito volume no mercado, então a reação que a gente vê no preço, mas a gente acredita que, no médio prazo, isso tenda a se normalizar, porque a demanda vai continuar forte, não tão forte como esteve", afirmou.

Castellari também destacou que o produto do Minas-Rio é "bastante competitivo", com custos de produção entre 33 e 35 dólares por tonelada, enquanto diversas mineradoras menores deverão paralisar ou fechar suas operações devido aos altos custos de produção, enviáveis neste cenário.

A qualidade do minério, com teor de ferro que varia entre 67,5 e 68 por cento, também é apontada pela empresa como um diferencial no atual momento do setor.

Castellari, assim como executivos de outras grandes mineradoras, evita traçar perspectivas concretas para os preços de petróleo e disse que o ano que vem será decisivo para entender os desafios que estão pela frente.

Possível atração de sócios

Em uma outra fase de expansão do projeto, além dos 26,5 milhões de toneladas, segundo Castellari, é possível que a empresa avalie parcerias.

Ele destacou que o sistema foi concebido para produzir até 90 milhões de toneladas, o que demandará "investimentos grandes".

"Aí sim, quando chegar essa hora, talvez uma sociedade faça todo sentido", destacou Castellari, destacando que o foco, neste momento, é atingir os 26,5 milhões de toneladas de forma segura e responsável, de olho na eficiência.

Atualmente, segundo a empresa, o Minas-Rio tem 1,45 bilhão de toneladas de reservas certificadas, das quais 685 milhões de toneladas são comercializáveis.