Dólar alto pressiona montadoras

O salão internacional do automóvel de São Paulo abriu ontem (28) à imprensa com anúncios de uma nova rodada de carros a serem fabricados no Brasil e projetos que preveem maior uso de peças nacionais nos veículos. Enquanto a Honda confirmou a produção de um utilitário esportivo compacto, o HR-V, em Sumaré (SP), a Audi anunciou que os motores dos carros que serão montados no Paraná a partir de 2015 serão nacionais e produzidos na fábrica da Volkswagen em São Carlos (SP).

A General Motors ainda desenvolve um carro popular compacto para mercados emergentes, mas garantiu que, se o projeto sair do papel, sua produção será no Brasil. Ao mesmo tempo, a Nissan corre para antecipar em um ano a meta de elevar dos atuais 66% para 80% o índice de conteúdo local dos carros montados na nova fábrica de Resende, no sul do Rio de Janeiro.

Projetos como esses cresceram nos últimos dois anos por conta da política que restringiu importações e cobrou das montadoras instaladas no país metas crescentes de nacionalização. Nos últimos meses, porém, a flutuação cambial trouxe novo ingrediente para que fabricantes buscassem a produção local, aliviando a exposição à recente escalada do dólar, que subiu 10% desde o fim de agosto, passando do patamar de R$ 2,23 para R$ 2,47.

"Todo mundo está de cabelo em pé com esse câmbio", disse ao Valor o presidente da Nissan no Brasil, François Dossa, acrescentando que, num mercado em baixa e de maior competição, repassar esse custo extra tem sido inviável.

Além de lançamentos e projetos, a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) foi tema recorrente na principal exposição de automóveis do Brasil, que abre as portas ao público amanhã no pavilhão de exposições do Anhembi, zona norte da capital paulista.

As empresas disseram que o resultado das urnas não altera os planos de investimentos. A tendência é de estagnação em 2015, mas os executivos mostram confiança no potencial de crescimento no longo prazo. Eles cobraram, contudo, medidas para reanimar a economia, junto com estímulos específicos ao setor, como a manutenção de descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


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