Indústria paulista demite 6 mil em setembro

Segundo pesquisa da Fiesp e do Ciesp, setor manufatureiro de São Paulo já demitiu 38 mil no ano.

A indústria de São Paulo fechou seis mil postos de trabalho em setembro, uma taxa negativa de 0,34% com ajuste sazonal, segundo a pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). Embora a perda tenha sido menor que em agosto, quando foram demitidos 15 mil trabalhadores, o resultado do mês passado tem um significado diferente já que o setor costuma contratar nesse período, avalia o diretor das entidades, Paulo Francini.

De acordo com o levantamento do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), de janeiro a setembro deste ano, o setor manufatureiro paulista encerrou 38 mil vagas de trabalho, o equivalente a uma variação negativa de 1,44%.

Já na comparação de setembro deste ano com setembro de 2013, o saldo de demissões fica negativo em 115,5 mil.

Na avaliação do diretor do Depecon o ano para o emprego na indústria é de fato ruim, mas projetar o futuro para o setor é uma tarefa complexa dada a incerteza do cenário político.

"O ano é muito atípico, primeiro porque existe um decréscimo da indústria de transformação que foi muito além do projetado inclusive por nós. E segundo porque é um ano atípico pelo fato político que ele carrega.", avalia Francini. O diretor acredita, no entanto, que independente do resultado da eleição, o ano para o emprego industrial certamente será muito negativo.

Emprego em setembro

A indústria de açúcar e álcool foi responsável por 1.308 das demissões registradas em setembro, enquanto a indústria de transformação fechou 4.692 postos de trabalho em setembro.

De janeiro a setembro deste ano, o setor sucroalcooleiro ainda mantém um saldo de 12.461 contratações. Já o restante da indústria registra 50.461 demissões.  Segundo o levantamento do Depecon, o segmento de açúcar e álcool tem participação de 7,7% no índice de emprego no acumulado do ano até setembro. Em igual período do ano anterior, essa participação chegava a 15,4%.


Continua depois da publicidade


Ainda de acordo com a pesquisa, este é o pior o setembro para o emprego industrial da série histórica, iniciada em 2005. Em relação ao resultado do acumulado do ano, de janeiro a setembro, é a segunda pior variação da série histórica, com exceção de 2009, ano da crise, quando índice computou queda de 1,48%.

Setores e regiões

Dos 22 setores avaliados pelo Depecon, 10 informaram demissões, nove contrataram e três mantiveram seu quadro de funcionários.

A indústria que mais demitiu foi a de produtos alimentícios, com o fechamento de 1.633 vagas. Já o segmento de celulose, papel e produtos de papel contratou 275 novos funcionários.

Das 36 regiões consideradas na pesquisa, 25 anotaram baixa no quadro de funcionários da indústria, sete informaram contratações e quatro mantiveram-se estáveis.

A região cuja indústria mais contratou em setembro foi Franca, com uma variação positiva de 1,46%, impulsionada pelos setores de artefatos de couro e calçados (2,96%) e produtos diversos (3,55%). Santos também se destacou entre os comportamentos de alta do emprego industrial, com ganhos de 1,11%, em meio a contratações nos segmentos de produtos alimentícios (0,53%) e de produtos de minerais não-metálicos (0,59%).

O setor manufatureiro de São Carlos também registrou crescimento em seu mercado de trabalho. A região anotou ganhos de 0,62%, com alta no setor de produtos minerais não-metálicos (3,95%) e na indústria de produtos diversos (2,56%).

Entre as perdas, destaque para a região de Matão, com queda de 2,14% influenciada em grande parte por demissões na indústria de confecção de artigos do vestuário (-7,43%) e de produtos alimentícios (-1,48%).

São João da Boa Vista também computou uma das mais expressivas quedas no mês com taxa negativa de 2,12%, pressionada por baixas no setor de produtos minerais não-metálicos (-4,72%) e produtos alimentícios (-3,14%).  O emprego na indústria de Piracicaba também registrou forte queda, a 2,03%, influenciada pelos segmentos de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-10,11%) e de máquinas e equipamentos (-2,47%).