Gestamp para e afeta a Argentina

A produção na Gestamp ficou comprometida após trabalhadores invadirem fábrica em protesto contra demissões.

Já afetada pela queda da demanda, tanto no mercado interno como exportações para o Brasil, a indústria automobilística argentina enfrenta agora a interrupção no abastecimento de peças da Gestamp, um dos seus principais fornecedores, provocada por um conflito trabalhista.

A Volkswagen e a Ford foram as primeiras a confirmar a paralisação da produção na semana passada em razão da suspensão no fornecimento da Gestamp. No entanto, diante da crise que o setor já enfrenta em algumas situações a falta das peças forjadas, fornecidas pela Gestamp, não chega a comprometer. A Fiat informou ontem (3) que o ritmo de produção já está mais lento por conta de programas de redução das jornadas.

Com queda de 17,9% na produção, de janeiro a abril, a maioria das montadoras deu licença a parte do efetivo. Em abril, quando começou o impasse nas negociações entre os governos do Brasil e Argentina para a renovação do acordo automotivo, a queda na produção das linhas de montagem argentinas chegou a 21,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

A produção na Gestamp, uma empresa de origem espanhola que também tem fábricas no Brasil, ficou comprometida há mais de duas semanas, quando um grupo de trabalhadores ocupou a fábrica localizada na cidade de Escobar, na província de Buenos Aires, em protesto contra a demissão de 67 funcionários.

Uma intervenção política mal-sucedida no fim de semana piorou a situação. Depois de críticas do governo federal ao governador Daniel Scioli, um dos candidatos à eleição presidencial em 2015, por não tomar providências para resolver o embate, a seccional do Ministério do Trabalho de Buenos Aires decidiu, no sábado, pela "conciliação obrigatória". Mas os demitidos afastados se surpreenderam ontem ao tentar voltar ao trabalho. A empresa não abriu as portas, segundo informaram os trabalhadores. Os representantes da Gestamp não puderam ser localizados.


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No fim de semana, a ministra da Indústria, Débora Giorgi, criticou a opção da Justiça por uma "conciliação obrigatória". O ministro-chefe de gabinete, Jorge Capitanich, criticou ontem a decisão dos trabalhadores de ocupar as instalações da companhia. Além da fabricação de componentes, a Gestamp atua no setor de logística.