China lidera importação de máquinas pelo Brasil

Os resultados confirmam a tendência de crescente entrada de máquinas chinesas no Brasil, mas dificilmente o gigante da Ásia conseguirá manter a posição de liderança até o fim do ano, segundo avaliação da Abimaq.

A China, que há cinco anos não chegava a representar 10% das compras externas do setor, superou os Estados Unidos e está liderando as importações brasileiras de bens de capital. Neste ano, as máquinas e equipamentos produzidos no país asiático respondem por 24,3% do total importado, mais do que os 16,6% registrados no fim de 2013. Na direção oposta, as importações de produtos americanos caíram de 25,2% para 21,2%.

Os resultados confirmam a tendência de crescente entrada de máquinas chinesas no Brasil, mas dificilmente o gigante da Ásia conseguirá manter a posição de liderança até o fim do ano, segundo avaliação da Abimaq, a entidade dos fabricantes de bens de capital mecânicos, que divulgou os dados ontem. Isso porque o primeiro bimestre foi inflado por transações não recorrentes que resultaram em importações de US$ 470 milhões em equipamentos navais e fornos industriais chineses.

"Mesmo assim, a China continuará sendo uma ameaça", afirmou em entrevista coletiva à imprensa o assessor econômico da Abimaq, Mario Bernardini. "Isso é resultado da política chinesa de privilegiar o desenvolvimento da indústria de bens de capital", acrescentou.

Com seus preços competitivos, os chineses estão conseguindo avançar agressivamente no mercado de máquinas e equipamentos. Em 2012, a China já tinha ultrapassado a Alemanha entre as principais origens das importações brasileiras, respondendo por quase 16% do total, ou o dobro do percentual de cinco anos antes.

Apesar disso, quando se inclui as demais origens, os últimos números da Abimaq revelam uma acomodação na curva de crescimento das importações. No primeiro bimestre, houve apenas leve alta de 0,3% nas compras externas de bens de capital.

Já na direção oposta, as exportações estão em recuperação, no embalo da retomada da economia americana. Nos dois primeiros meses, os embarques subiram 41,5%, o equivalente a um acréscimo de US$ 640 milhões em um ano. Praticamente metade dessa evolução - US$ 300 milhões - veio do crescimento de 95,2% nas transações com os Estados Unidos.


Continua depois da publicidade


No total, as exportações brasileiras de bens de capital alcançaram a marca recorde de US$ 2,18 bilhões no bimestre, o que permitiu ao setor reduzir em 17,1% seu déficit comercial no período, para US$ 3 bilhões. Ao comentar o resultado, Carlos Pastoriza, diretor secretário da Abimaq, atribuiu o desempenho positivo à melhora da competitividade após a desvalorização do real. Ele citou ainda os esforços das empresas brasileiras para compensar, com vendas ao exterior, as perdas no mercado doméstico.

Mesmo com o avanço das exportações, o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos caiu 3,8% no acumulado dos dois primeiros meses de 2014, somando R$ 10,68 bilhões. Só em fevereiro, a receita foi de R$ 5,45 bilhões, 4,9% abaixo do resultado auferido no mesmo período de 2013. Na comparação com janeiro, porém, houve avanço de 3,6%.

Segundo a Abimaq, a utilização de capacidade no setor fechou fevereiro em 76,5%, acima dos 72% de um ano antes