Mercosul e UE irão estudar propostas para livre comércio a partir de maio

Blocos devem apresentar ofertas de redução de tarifas de importação para iniciarem a negociação; Brasil e Argentina construirão oferta do Mercosul que será 'bastante competitiva'.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, informou que Mercosul e União Europeia devem apresentar no final de maio ou início de junho suas ofertas de redução de tarifas de importação para iniciarem a negociação de um acordo de livre comércio. Segundo ele, Brasil e Argentina estão construindo uma oferta comum do Mercosul que será "bastante competitiva".

"Estou bastante otimista com o resultado das reuniões das duas equipes técnicas essa semana", afirmou. O ministro disse que a União Europeia já sinalizou o desejo de fechar um acordo de livre comércio. "Foi reafirmado o interesse europeu. Temos que acreditar que os dois lados querem um acordo de livre comércio", afirmou em café da manhã com jornalistas.

Iniciada em 2000 e interrompida em 2006 por falta de qualquer tipo de avanço, o acordo de livre comércio Mercosul e União Europeia voltou à pauta no ano passado. Havia, no entanto, uma dúvida entre os negociadores brasileiros se seria possível fechar uma proposta conjunta do Mercosul em função das dificuldades enfrentadas pela Argentina. Desde então, o Brasil tenta costurar com Buenos Aires a harmonização de uma proposta a ser levada aos europeus.

Comércio bilateral

Borges informou que Brasil e Argentina irão assinar no próximo dia 27 um memorando de entendimento definindo a estruturação financeira das linhas de financiamento para o comércio entre os dois países. Segundo ele, a ideia é que a linha esteja operando em abril.

O governo brasileiro tem buscado formas para mitigar as barreiras comerciais colocadas por Buenos Aires, que têm levado a uma redução das exportações brasileiras ao país vizinho. Um dos setores mais afetados é o automotivo. Algumas alternativas de financiamento foram apresentadas aos ministros argentinos na semana passada.

"Essa linha de crédito é tradicional. Não estamos inventando a roda", disse. Ele evitou dar detalhes sobre a linha de crédito para não atrapalhar as negociações, mas afirmou que serão linhas operadas por bancos comerciais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não participará.


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"O papel dos governos é fazer que o sistema de empréstimo e de refinanciamento de fato aconteça e encurte os prazos", disse. "Queremos reduzir o tempo de renovação automática desse crédito e criar um sistema que reduza incertezas. Essa é a grande questão", completou.

Conforme já antecipou o Broadcast, o Brasil estaria disposto a oferecer uma linha de crédito à exportação de até US$ 2 bilhões. As operações teriam prazo de três meses, renovação automática, mas sem garantia do Tesouro brasileiro. O governo brasileiro também tem negociado a ampliação das transações com pagamento em moeda local, o que permitiria fechar operações sem o uso de dólares. O sistema teria estrutura de garantia em dólares dos bancos centrais, o que daria a exportadores e importadores de ambos os lados a opção de pagar e receber em pesos ou reais por meio de uma instituição bancária.

Por Renata Veríssimo/ Agência Estado


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