Cadeia de fornecedores é o novo gargalo da eólica

Cadeia de fornecedores é o novo gargalo da eólica

A falta de planejamento pode inviabilizar o cumprimento das regras de conteúdo local dos parques eólicos estabelecidas pelo BNDES. De acordo com Roberto Veiga, diretor da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), apesar de já haver um grande volume de energia eólica contratada, essa demanda não está chegando nos fornecedores ou chega de forma picada, impedindo que invistam na capacidade de produção e no aumento da produtividade. O risco é que não tenham capacidade de atender aos pedidos quando as usinas precisarem ser construídas.
 
"Só vai ser possível atender às regras de conteúdo local quando os fabricantes de aerogeradores fizerem parcerias com fornecedores locais e fecharem contratos de longo prazo", disse Veiga nesta quinta-feira (28), durante a feira de energias renováveis Renex South America, em Porto Alegre (RS). "Se mantiverem a relação de cliente/vendedor, com pedidos esparsos e pequenos, ninguém vai investir no aumento e na melhoria da produção."
 
Entre as áreas mais problemáticas estariam a fabricação de peças fundidas pesadas assim como os componentes eletrônicos usados na nacele. De acordo com Veiga, a cadeia de fornecedores tem capacidade para atender a expansão eólica, mas não com o preço, a rapidez e o volume exigidos.
 
Para isso, precisa investir em novos equipamentos e linhas de produção, ganhar escala e produtividade. Esse processo, no entanto, leva ao menos um ano para acontecer. Essa seria a janela que está se fechando, já que os parques dentro das novas regras do BNDES começam a ser entregues em 2014. "Se nada for feito, depois vão correndo no BNDES dizer que não tem fornecedor o Brasil e que não pode entregar no prazo."
 
O alerta foi reforçado por Rafael Valverde, superintendente da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, estado que tem três – Alstom, Gamesa e GE – dos seis fabricantes de aerogeradores habilitados no Finame do BNDES - estão também Wobben, Acciona e WEG. "Podemos chegar a um garglo no setor eólico. Não por falta de ventos ou transmissão, mas de planejamento da produção", disse. "Se não abordarmos o problema industrial, o modelo pode falhar." 
 
Por Por Felipe Grandin*/ Duke Energy
(*o repórter viajou a convite da Renex South America​)
 

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