Fabricante de máquina busca nacionalização

Companhias grandes investiram pesado nos últimos anos para aumentar a capacidade de produção no Brasil. Mas, em geral, a demanda não correspondeu às expectativas.

Com o enfraquecimento do mercado de máquinas e equipamentos, as companhias estão bastante seletivas em seus investimentos. Os aportes têm sido muito menores do que nos últimos anos e direcionados principalmente para a elevação do conteúdo nacional de seus produtos. Dessa forma, conseguem enquadrar seu portfólio no Finame, do BNDES, o que significa que suas máquinas podem ser compradas com empréstimos a juros mais baratos.
 
Como as estimativas de forte aumento das obras de infraestrutura no país não se concretizaram, as vendas vem sendo puxadas justamente pelo crédito mais barato, segundo os fabricantes. Companhias grandes investiram pesado nos últimos anos para aumentar a capacidade de produção no Brasil. Mas, em geral, a demanda não correspondeu às expectativas.
 
Em média, as companhias estão operando com 73% de sua capacidade instalada, segundo dados recentes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). "Os preços estão mais baixos hoje do que há alguns anos, quando descontada a inflação", disse recentemente ao Valor Carlos Hernández, presidente da JCB no Brasil.
 
A empresa inglesa já investiu US$ 100 milhões em sua fábrica de Sorocaba (SP) e, neste mês, adiciona mais uma linha de produção na unidade, de pás carregadeiras. A companhia produz localmente retroescavadeiras, escavadeiras, manipuladores telescópicos e rolo compactadores. Agora, tem o objetivo de atingir o nível de 60% de conteúdo local para credenciar as pás carregadeiras no incentivo do BNDES.
 
A coreana Hyundai é outro exemplo, também no segmento de linha amarela. A companhia investiu R$ 180 milhões em uma fábrica em Itatiaia (RJ) em parceria com a brasileira BMC. A unidade foi inaugurada em abril deste ano, com uma capacidade para fabricar quatro mil máquinas ao ano. Em entrevista recente ao Valor, o presidente da BMC, Felipe Cavalieri, disse que conta com a inclusão os produtos na linha Finame para elevar suas vendas e chegar perto da capacidade de produção em 2014.
 
No fim deste ano, porém, o BNDES Finame está previsto para acabar. A Abimaq vem afirmando que vai lutar pela prorrogação do benefício. Segundo dados da entidade, as vendas de bens de capital mecânicos realizadas com recursos da linha Finame somaram R$ 19 bilhões de janeiro a julho deste ano, de um total de R$ 44,5 bilhões de faturamento das companhias no período.
 
Mas mesmo com os produtos credenciados na linha Finame, as empresas vêm afirmando que o mercado está mais difícil neste ano. O segmento com pior desempenho é o de óleo e gás, segundo a Abimaq. A associação diz que a redução das compras da Petrobras está deixando as carteiras de pedidos esvaziadas e que o cenário não deve melhorar antes de 2015.
 
Ainda que as fabricantes de máquinas e equipamentos que fornecem para a Petrobras afirmem que a estatal tem honrado seus compromissos, dizem que muitos contratos que estavam em início de negociação acabaram não sendo fechados. Também há relatos de que a estatal atrasou o reconhecimento de entrega das máquinas, ou visitas de vistoria. Dessa forma, o faturamento da venda e o pagamento acabavam sendo adiados, segundo fontes do setor.
 
De janeiro a agosto, o faturamento de todo o setor de máquinas e equipamentos somou R$ 52,2 bilhões, uma queda de 6,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.
 
Por Olivia Alonso/ Valor Econômico