Montadoras veem 'luz no fim do túnel' para crise na Europa

No Salão de Frankfurt, executivos veem vendas se estabilizarem.

Executivos de montadoras que participam do Salão de Frankfurt, o maior do ano, dizem que o pior da crise na Europa começou a passar. Karl-Thomas Neumann, contratado este ano para presidir a GM europeia, soou cautelosamente otimista. "Nós vimos a primeira pequena luz no fim do túnel", disse. "Ninguém aqui está esperando que maravilhas aconteçam, mas estou relativamente confiante de que já atingimos o fundo (do poço)."
 
A francesa Peugeot e a italiana Fiat, companhias com mais problemas, reduziram os gastos de desenvolvimento de produto a tal ponto que têm poucas novidades para mostrar no evento. Mas designs de ponta também são poucos e esparsos nos estandes, até mesmo entre líderes de mercado, como a Volkswagen.
 
Como um barômetro da economia da Europa, a atmosfera do salão melhorou em 2 anos — de desesperada para deprimida —, enquanto as atitudes dos principais executivos da indústria automobilística da Europa refletem muito da ambivalência do mercado.
 
"Talvez um pouco de otimismo se justifique", disse Trevor Mann, vice-presidente executivo da Nissan. "Mas acho que a recuperação será lenta em geral e não devemos ter excesso de entusiasmo."
 
Alfredo Altavilla, presidente-executivo da Fiat para Europa, Oriente Médio e África, acrescentou: "A verdadeira resposta é que ninguém tem qualquer visibilidade para além do trimestre. A tendência é de estabilização, (mas) é muito cedo para dizer que ela está pegando."
 
Sem a presença do chefão Sergio Marchionne, a Fiat apresentou uma versão do veículo multi-propósito Fiat 500L para sete lugares. Mesmo a Ferrari mostrou apenas uma versão ligeiramente mais potente da 458 para servir de âncora ao estande do grupo italiano no salão.
 
"Tenho a sensação que tanto para nosso grupo como para o setor automobilístico já superamos o pior na Europa", disse Philippe Varin, presidente do construtor francês PSA Peugeot Citroen. "O mercado europeu deveria [...] chegar ao final do túnel no ano que vem", concordou o  brasileiro Carlos Ghosn, que dirige a da Renault-Nissan.
 
Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, a maior montadora da Europa, falou de uma situação 'que se estabiliza', mas considerou que ainda é 'tensa' em muitos países.
 
Estabilização de vendas é boa notícia
 
Em julho, as vendas de carros novos na União Europeia aumentaram e os analistas mais otimistas esperam a recuperação para o segundo semestre deste ano. Segundo Stefan Bratzel, um especialista alemão do setor, a estabilização "é um sinal positivo [...] mas o mercado já não podia cair muito mais".
Os dirigentes dos grandes grupos são mais prudentes. "A crise ainda pode durar entre 3 e 5 anos", alertou o diretor executivo da BMW, Norbert Reithofer, que prevê recuperação para o segundo semestre de 2014.
 
Segundo Ghosn, da Renault-Nissan, a recuperação será lenta e "depois de 5 anos de quedas, o setor voltará a crescer com um aumento das vendas de entre 0 e 1%". Varin, da PSA, projeta um crescimento "levemente positivo" em 2014.
 
O caminho para voltar ao nível de 2007, quando foram vendidos 16 milhões de carros novos na Europa, "será longo", disse o presidente da Daimler, Dieter Zetsche, e "esses níveis serão muito difíceis de recuperar". A Daimler é dona da Mercedes-Benz.
 
A Jaguar Land Rover, hoje propriedade do grupo indiano Tata Motors, anunciou investimento de 1,5 bilhão de libras e a criação de 1.700 postos de empregos diretos no Reino Unido, o único dos grandes países europeus que resiste à queda das vendas. 
 
Por Reuters